“…Diferentemente, tais experiências de "virar mulher, mãe e esposa de alguém" nos conduzem à abertura de novos campos dialógicos, ampliando as perspectivas de compreensão dessas relações no quadro referencial dos próprios indígenas. Sobre as diferentes formas de habitar as normas e ativar modulações no parentesco: um caso ticuna modelos de troca -, para entender sua simbologia dentro de regimes relacionais, trabalhos mais recentes (Cariaga 2015;Madi Dias 2018;Otaviano 2017;Ribeiro 2019) Sobre o princípio corporal de toda pessoa ticuna, diz a mãe de Nega: "não interessa se no jeito de mulher ou de homem, nosso jeito de ser parente e de se fazer assim, homem e mulher, se faz nessas vivências também, nas regras e nas mudanças de palavras, de saberes". E, por fim, ela mesma classifica instigantemente os valores contingentes constituintes dos regimes de classificação das pessoas e dos parentes, quando a sexualidade e o gênero ganham espaços analíticos: "a vagina da Nega fica no lado errado [risos] de fazer mais parentes".…”