Neste trabalho apresentamos um estudo exploratório acerca da correlação entre as medidas de proficiência em testes sobre densidade e medidas de autoconceito em química de estudantes do terceiro ano do ensino médio. O autoconceito é um constructo que diz respeito à percepção da pessoa sobre si própria, tanto no que se refere a questões acadêmicas quanto não acadêmicas. As medidas de autoconceito em química são descritas por três facetas distintas: desempenho, interesse e engajamento cognitivo. Foram utilizados dois testes sobre densidade, ambos construídos tendo como base a noção de perfil epistemológico de Bachelard para o conteúdo abordado no ensino médio. Para a realização das análises agrupamos os estudantes de acordo com o teste respondido: teste 1 grupo 1, teste 2 grupo 2. Nossos resultados indicam que não houve correlação entre as medidas de proficiência e as facetas do autoconceito para um dos grupos e uma correlação negativa moderada (0,6) entre a faceta de desempenho e as medidas de proficiência no teste para o outro, o que vai de encontro ao que é documentado na literatura. Argumentamos que a percepção equivocada desse grupo de estudantes possa ser explicada devido ao contexto educacional no qual eles se inserem. A partir desse resultado questionamos o impacto que políticas educacionais podem ter na construção de identidades. Estudantes com acesso a conteúdos menos desafiadores, podem construir uma visão distorcida acerca de suas capacidades diante da disciplina em questão.