Análise bibliométrica de teses e dissertações brasileiras sobre travestilidade, transexualidade e saúde

Abstract

Resumo Objetivou-se analisar o perfil das teses e dissertações sobre travestilidade, transexualidade e saúde nos Programas de Pós-Graduação stricto sensu do Brasil, por meio de um estudo fundamentado no referencial teórico-metodológico da análise bibliométrica. Os 65 trabalhos selecionados foram extraídos do Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Constata-se que a maioria das produções são dissertações (82%) advindas dos Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (27%) e de Instituições Federais de Educação Superior (65%), localizadas nas regiões Sul e Sudeste (70%). A abordagem qualitativa foi a mais utilizada (82%) e o processo transexualizador no Sistema Único de Saúde foi o tema predominante (35%). O estudo revelou que as teses e dissertações brasileiras sobre a tríade travestilidade-transexualidade-saúde estão em ascensão nos últimos vinte anos, com diminuição no enfoque no adoecimento das travestis e de transexuais e aumento do foco nos aspectos sociais, organizacionais e políticos que interferem no acesso dessas pessoas aos serviços de saúde. Ainda assim, é preciso expandir as pesquisas sobre a temática para as demais regiões do país, impactando positivamente na produção científica e em um sistema de saúde mais equânime e universal.

Revisão sistemática sobre a atenção à saúde para travestis e transexuais no Brasil

“…In this sense, it would be important to put in place new policies and specific programs for the health of transvestites and transsexuals, prioritizing coping with the vulnerabilities faced by these people 11 , 45 . However, these decisions may have limited the results of the systematic review, as it is expected that aspects about transvestites and transsexuals will be addressed together with those related to lesbian, gay, bisexual, non-binary people, etc., due to the existence of a single health policy for the entire LGBTTQIA+ population in Brazil.…”

“…In the scientific literature, there has been an increase in the publication of articles on the health of the Brazilian LGBTTQIA+ population after the creation of the National LGBT Integral Health Policy 10 , as well as theses and dissertations on transvestism, transsexuality and health, especially after the expansion of the Transsexualizing Process in the SUS 11 . Furthermore, it is possible to identify some integrative reviews on the health of the transvestite and transsexual population in Brazil, specifically on the difficulties these people face in accessing health services 12 , 13 .…”

“…Na literatura científica, observa-se um aumento na publicação de artigos sobre a saúde da população LGBTTQIA+ brasileira após a criação da Política Nacional de Saúde Integral LGBT 10 , assim como de teses e dissertações sobre travestilidade, transexualidade e saúde, principalmente após a ampliação do Processo Transexualizador no SUS 11 . Ademais, é possível identificar algumas revisões integrativas sobre a saúde da população travesti e transexual no Brasil, especificamente sobre as dificuldades que essas pessoas enfrentam para ter acesso aos serviços de saúde 12 , 13 .…”

LGBTQIA+ health: a rapid scoping review of the literature in Brazil

“…A reference analysis of theses and dissertations produced in Brazil conducted by Lima et al 23 (2020) revealed that the focus of studies on transvestism-transsexuality-health has shifted over the last 20 years from a diseased-centered approach to understanding the social, organizational, and political factors that influence access to health services. However, the study warns that, despite the growing availability of publications, there is still a lack of research on the specific health needs of this population that can help the implementation of actions to promote health equity for LGBTQIA+ people.…”

Docentes no ensino superior: ressignificando as diferenças

“…Travestis e as pessoas transexuais rompem com as definições do que é ser homem e do que é ser mulher impostas historicamente na nossa sociedade como padrões de gênero 'normais' e baseados apenas em características biológicas, principalmente nos órgãos genitais, mostrando-nos que a (auto)identidade de gênero é também uma construção social e cultural. Em decorrência disso, por extrapolarem a dicotomia homem/mulher cisgênero e o padrão heteronormativo, as travestis e as pessoas transexuais são estigmatizadas cotidianamente (LIMA et al, 2020). Essa distribuição desigual de estudantes homens e mulheres entre os cursos de graduação, assim como estudantes considerados diferentes, irá refletir na distribuição futura de docentes universitários.…”