Reflexões para uma Prática em Saúde Antirracista

Abstract

Resumo: Introdução: A história da população negra no Brasil inicia-se pelo processo de escravização dos povos da África. Desde o início dessa agressão até os dias atuais, pretos e pardos são vítimas das desigualdades sociais e econômicas, mesmo com a abolição da escravatura. Vemos que o Estado não ofereceu apoio para essa população ser integrada na sociedade, e, por isso, boa parte vive à margem atualmente. Objetivo: Apontar as problemáticas que envolvem a população negra, analisar o contexto da pandemia de Sars-Cov-2 no processo de vulnerabilidade desse grupo, destacar a situação do ensino de pretos e pardos na educação médica e refletir sobre o cuidado em saúde de pessoas negras. Desenvolvimento: Existem algumas teorias sociais que tentam colocar a população negra como um grupo humano distinto dos demais e intelectualmente inferior na sociedade, justificando a marginalização e condição de desumanidade imposta a este. O reconhecimento do racismo no cuidado em saúde fez surgir, em 2009, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) que visa explicitar as iniquidades impostas a esta população e delinear metas para a educação de profissionais e a produção de cuidado, objetivando o combate ao racismo institucional na saúde. Com a pandemia do Sars-Cov-2 em 2020, a vulnerabilidade fica à mostra, assim como a invisibilidade que damos à questão raça/cor na formação médica. Assim, faz-se necessária a discussão transversal da relação raça/cor no ambiente de construção de conhecimento, como destacam as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) voltadas para os cursos de Medicina. O ambiente educacional do curso ainda é ocupado, em sua maioria, por pessoas brancas, tanto educandos quanto educadores. Conclusão: A pandemia da Covid-19 coloca em evidência o racismo estrutural e institucional na saúde, assim como o silenciamento do racismo como determinante do processo saúde e adoecimento na formação dos atuais e futuros profissionais de saúde. Para uma produção de cuidado anti-racista, precisamos entender como a questão raça/cor relaciona-se com a saúde da população.

Educação médica, raça e saúde: o que falta para a construção de um projeto pedagógico antirracista?

“…Para o fomento de uma educação médica antirracista, urge a necessidade de uma formação pautada na práxis dialógica, humanista, crítico-reflexiva e ética em saúde. Estudiosos de uma epidemiologia social crítica, pesquisadores do grupo de trabalho Racismo e Saúde e teóricos militantes de movimentos negros sugerem que é preciso promover debates raciais em saúde mais consistentes, que privilegiem a afirmação do lugar da negritude como protagonista na construção de saberes 35 . E isso é possível a partir da aproximação dialógica com os corpos negros.…”

Peles Pretas Importam

“…Tal necessidade se baseia no contexto de racismo institucional presente nas escolas médicas, as quais carecem de debates estruturados e críticos acerca da branquitude e seus privilégios no âmbito de ensino e aprendizagem. Somado a isso, a inexistência de uma abordagem racializada dos processos de adoecimento da população negra na formação acadêmica acaba por formar profissionais cada vez mais limitados, tornando o ambiente educacional um perpetuador do racismo em diferentes dimensões (BORRET et al, 2020).…”

Saúde Da População Negra No Contexto Da Pandemia Da Covid-19: Uma Revisão Narrativa / Health of the Black Population in the Pandemic Contexto of Covid-19: A Narrative Review

“…Dados da PNAD de 2019, revelam as discrepâncias referente ao rendimento médio mensal, onde as pessoas brancas possuíram rendimentos 29,9% superiores à média nacional (R$ 2 308), já as pessoas pardas e pretas rendimentos no total de 53% inferiores à média nacional. No que se diz respeito a moradia, registrou-se as piores condições da população negra, como a escassez de saneamento básico e o maior percentual em trabalhos informais ou desempregadas (IBGE, 2020b;BORRET et al, 2020).…”