Ao concluir e apresentar esta tese de doutoramento, encerro um ciclo de cinco longos e conturbado anos, que de nenhuma forma teriam sido percorridos sem a presença, a companhia e a contribuição de muitas pessoas, que nessas condiçõesdas tantas crises de que se fala neste trabalhoforam ainda mais importantes. Expresso meu mais sincero agradecimento a familiares, amigas e amigos, colegas e docentes e pessoas que atravessaram esse processo e deixaram sua contribuição, o que inclui interlocutores de meu campo de pesquisa. Quando fiz a primeira matrícula no curso de doutorado, em 2017, vivíamos um momento melancólico, marcado por derrotas políticas e arrastada crise econômica. Em 2018, o cenário piorou, com prisões e assassinatos políticos, no começo, e a vitória eleitoral de um projeto avesso à democracia e, entre tanto mais, às universidades e ao campo específico das humanidades. Em 2019, veio o início deste governo e investidas sobre o orçamento, os constrangimentos e a desqualificação do trabalho acadêmico e intelectual, que em seguida se mostraria ainda mais feroz.Foram anos de muitas tristezas e incertezas, mas também de reuniões, passeatas e outras tentativas de resistir. A resistência foi também cotidiana, para não esmorecer (demais). Foram anos de trabalho, de discussões, das disciplinas do doutorado, grupos de estudos, participação em congressos e seminários, cafés e cervejas. A este movimento, somou-se a crise sanitária provocada pelo vírus causador da Covid-19, nos primeiros meses de 2020. A qualquer pessoa que leia estes agradecimentos, não é preciso descrever em detalhe o que foi e o que é viver a pandemia, o isolamento, a frustração de todas as suspensões e a brutalidade das adaptações. No trabalho intelectual não foi diferente e os sentidos e consequências destas crises estão na tese, nas linhas e nas entrelinhas, na pesquisa e no pesquisador. Afinal, entre tantas tragédias provocadas pelo desemprego, pela dívida, pela falta de perspectiva e pelo desmonte institucional em curso, além de tudo isso, foram também 600 mil vidas ceifadas nesta que é a minha terra. Não passei ileso e não gostaria de passar. Gostaria que não houvesse nada disso.Mas, havendo, me diz respeito e não pode ser guardado. Escrevo entristecido, portanto, mas convencido de que passar por tudo isso não teria sido possível sem tantas pessoas, aquelas que estiveram perto e aquelas que estiveram longe, pois nestes últimos anos a distância foi demais. Este agradecimento é também um voto de saudade. Pessoas, saudades e um bocado de inconformismo que reserva a tristeza ao seu lugar, que não pode tomar o da vontade. Vontade de ir em frente e completar estas linhas, em breve, colocando tudo no pretérito. Agradeço à minha mãe, Carla, à minha irmã, Arabella e à minha avó Naura, por tudo que vem de tão antes. E deixo aqui um agradecimento à Mag, minha pequena sobrinha, por tudo que virá e vai tão longe, e que as primeiras palavras e passos me deram tanta alegria, mesmo que pela tela. Os agradecimentos são também ao Eduardo, à Gabriela e ao Miguel...