A Ascensão Da China, a Ásia E O Sul Global

Abstract

RESUMO Muitos veem o milagre da economia chinesa como uma ilustração de um modelo de desenvolvimento alternativo à ortodoxia neoliberal promovida por Washington. Também se assume muitas vezes que o envolvimento econômico e político da China nos países do sul global, particularmente nos vizinhos asiáticos, está criando uma nova ordem geopolítica que desafiaria a dominação norte-americana. Neste artigo, argumenta-se que o milagre do desenvolvimento orientado pela exportação nada mais é do que uma parte constitutiva da ordem neoliberal, e que o crescimento da China como exportadora de capital segue os passos de outros poderes capitalista-imperialista se seus projetos de influência política no exterior. Isso tem gerado apreensão crescente entre os países vizinhos em relação à dominação regional chinesa e colocado a China em rota de colisão com os Estados Unidos, que ainda dominam a ordem política e de segurança na Ásia-Pacífico, precipitando uma nova competição entre potências imperiais.

Systemic Reconfiguration of Capitalism: Applying Ruggie’s Critique of Waltz in Economics

“…The catching-up movement is conscious, while the impact of the complex peripheries on the structure may or may not be conscious and intentional. China, tracking a singular development model, has become an economic and political world protagonist (Hung 2018;Tooze 2018;Arrighi 2008), presenting elements that challenge American hegemony both in financial and geopolitical terms. Since 2010, China outperformed Japan and occupies the position of second greatest world economy.…”

“…After the decrease of international trade due to world crises of 2008, China has become an important capital exporter, specially to other peripheral economies, in the form of foreign aid, borrowings concessions and foreign direct investments. Attached to capital exports are the political and military power projections (Hung 2018). China's geopolitical power expansion toward peripheral economies has made the United States launch an ' Asian pivot' policy in 2012 to reinforce its geopolitical presence in Asia and to rebalance Chinese influence (Hung 2018:21).…”

A Onça e o Dragão: Políticas do Modelo Chinês de Produção na Amazônia

“…Em se tratando da América do Sul, o Brasil se destaca como o principal destino das investidas chinesas na região 1 , com especial interesse no setor de mineração, energia (Tang, 2017), petróleo e gás (Hung, 2018), infraestrutura (Nascimento, Maynetto, 2019), agronegócio (Escher, Wilkinson, 2019) e tecnologia 5G (Saraiva, Silva, 2019).…”

O fantasma das fábricas chinesas: expatriados, trabalhadores e políticas do modelo chinês no Brasil

“…Mas, nos últimos anos, é o sul do globo que desponta como uma das principais praças produtivas da ação da China, com destaque na África e na América do Sul. A busca por cobre e a construção de obras de infraestrutura em países como Zâmbia e Tanzânia, tem levado autores a caracterizar a presença chinesa na região focando na variedade de capital, via acumulação abrangente e acumulação por maximização (LEE, 2017), ou a questionarem se a China estaria promovendo um novo processo de colonização no continente (HUNG, 2018;BODOMO, 2019). Outros autores destacam os projetos de "financiamento e empréstimos" (BURLAMAQUI, 2015), enquanto outros, a "diplomacia da infraestrutura" (CINTRA; PINTO, 2017).…”

“…Quando se trata da América do Sul, o Brasil aparece como maior receptor dos investimentos chineses na região 3 , com especial interesse no setor de mineração, energia (TANG, 2017), petróleo e gás (HUNG, 2018), infraestrutura (NASCIMENTO; MAYNETTO, 2019), agronegócio (ESCHER; WILKINSON, 2019), tecnologia 5G (SARAIVA; SILVA, 2019) e participação no parque industrial e produtivo brasileiro, notadamente nos setores de duas rodas e de eletroeletrônicos (MACIEL BRITO, 2017).…”