“…Revisitar essas contradições que compuseram as minhas primeiras experiências de campo sugere nuances às perguntas que abrem este artigo e trazem à tona esses agenciamentos sonoro-musicais-performáticos que têm sido o tópico de inúmeras pesquisas etnomusicológicas que começaram, nos últimos anos, a engajar as ações de músicos e artistas migrantes negros, africanos e caribenhos no país, produto do que Handerson Joseph (2021, p. 78-79) chamou de "a negritude das migrações" 2 contemporâneas. Esses estudos têm explorado, por exemplo, como as práticas musicais migrantes interseccionam questões sociais, econômicas e políticas nos contextos de centros urbanos brasileiros (Chalcraft et al, 2017;Hikiji, Chalcraft, 2017Santos, 2018;Stringini, 2021;Venturin, Lucas, 2021). Para mais além, essas pesquisas têm demonstrado como a produção e performance musical se tornam um veículos de articulação de novas identidades, posicionamento político, de representação de si e de transformação da localidade, criando novos espaços de performance, de alianças e parcerias que visibilizam experiências diaspóricas negras, históricas e contemporâneas no Brasil, mas que ao mesmo 2 Joseph relaciona a negritude das migrações ("la negrización de las migraciones", no original), não apenas ao aumento desse contingente nos fluxos migratórios globais, mas a como a agência e o protagonismo desses sujeitos têm produzido novos entendimentos e sentidos da mobilidade humana (Joseph, 2021, p. 79).…”