Na última década, o Brasil tem vivido o desafio de acolher e integrar pessoas que migraram por razões forçadas, vindas principalmente do Haiti, da Venezuela e da Síria. Este artigo discute, a partir de um enfoque teórico, o acolhimento de imigrantes refugiados. Discorre-se, primeiramente, sobre a condição de vulnerabilidade psíquica constituída na migração, decorrente da quebra no quadro de referências culturais interiorizado pelo indivíduo deslocado, e ressalta-se a relevância de atividades de acolhimento para a promoção de saúde mental nesta população. Em seguida, reflete-se sobre alguns efeitos indesejáveis que podem ser produzidos na prática de acolhimento devido à dimensão intercultural da relação entre agentes e sujeitos das ações. São eles a desculturação e a estigmatização, fenômenos que ameaçam a integridade e a saúde mental dos imigrantes, devendo, portanto, ser evitados em um contexto de acolhimento. A construção de laços de solidariedade e reciprocidade apresentam-se como efeitos desejáveis do contato estabelecido entre imigrantes e voluntários na prática de acolhimento. Este artigo foi inspirado na experiência de realização de aulas de português para haitianos na cidade de Dourados, estado de Mato Grosso do Sul.