Atribuições Dadas à Matemática e Ansiedade ante a Matemática: o relato de alguns estudantes do ensino fundamental

Abstract

ResumoO presente estudo objetivou identificar, em relato de alunos, atribuições dadas à Matemática, bem como graus de ansiedade ante a Matemática. No Estudo 1 foi aplicada a técnica brainstorming que consistiu em escrever, em uma folha de papel, tudo o que ocorre diante da palavra matemática. Participaram 57 estudantes do Ensino Fundamental, 28 do 2º ano e 29 do 6º ano. Os alunos do 6º ano atribuíram mais características negativas à Matemática do que os do 2º ano. No Estudo 2, aplicou-se uma escala de ansiedade à Matemática a quatro crianças do 6º ano, aleatoriamente selecionadas do estudo 1. Observou-se que as situações que os alunos indicaram alta ou extrema ansiedade foram aquelas em que poderiam falhar e sofrer alguma punição. São discutidos o aumento das atribuições negativas com o passar dos anos e a necessidade de metodologias que previnam a aversão à Matemática. Palavras AbstractThis study aimed to identify attributions to mathematics and degrees of anxiety related to mathematics. Study 1 applied the brainstorming technique, which consisted in writing, on a sheet of paper, everything that occurs before the word "Mathematics". Fifty seven elementary school students participated, 28 of 2 nd grade and 29 of 6 th grade. Sixth grade students attributed more negative characteristics to mathematics than those of 2 nd grade. Study 2 applied a math anxiety scale to four children in 6 th grade, randomly selected from study 1. It was observed that situations in which students showed high or extreme anxiety were those in which they were exposed to conditions such as exams, schoolwork, and going to the blackboard. Data are discussed in terms of the increase in negative attributions over the years and the need for methodologies that prevent the aversion to mathematics.

Ansiedade Matemática em Professores Brasileiros

“…Já há evidências consistentes de que práticas pedagógicas punitivas, exposição dos alunos de maneira compulsória (chamar o aluno contra sua vontade a responder algo em voz alta, por exemplo), exigência de performance em público (como ir ao quadro resolver algoritmos) e controles aversivos são ansiogênicas para os aprendentes (MENDES; CARMO, 2011CARMO, , 2014.…”

“…Ainda no século passado, as pesquisas brasileiras, em diálogo com a literatura internacional, apontavam a prática em sala de aula e a formação dos professores como objetos essenciais para compreender a ansiedade matemática dos alunos (GUILHERME, 1983). Há indicativos de níveis bastante elevados de ansiedade matemática nas escolas brasileiras, e a maioria dos estudos nacionais sobre a temática dedica-se a avaliar os níveis de ansiedade dos estudantes (MENDES; CARMO, 2014;TRAVASSOS, 2018;FASSIS;CARMO, 2014). Os alunos brasileiros, especificamente, consideram o momento mais ansiogênico aquele que, em sala de aula, o professor lhes dirige a palavra com perguntas do conteúdo matemático sendo trabalhado (MENDES, 2012, p. 28).…”

Produção analítico-comportamental brasileira sobre comportamento matemático e de ensinar matemática: dados de 1970 a 2015

“…O ensino de Matemática é um desafi o para pesquisadores e professores, o que se infere com base na associação entre fracasso escolar e difi culdades em Matemática (Araújo & Luzio, 2005), nos resultados negativos de países em avaliações internacionais (Organization for Economic Cooperation and Development [OEDC], 2012) e no relato de alunos de que a Matemática é uma disciplina difícil e geradora de ansiedade (Mendes & Carmo, 2014). No Brasil, os resultados que o país tem obtido em avaliações como o Programme for International Student Assessment (PISA) ainda preocupam.…”

Teoria do Flow como promotora motivacional para estudantes com ansiedade matemática

“…Segundo a literatura investigada, a aversão à matemática é conhecida como ansiedade matemática, que é uma resposta negativa perante situações que envolvam a matemática e que modificam o estado cognitivo, fisiológico e comportamental do estudante. (CARMO; SIMIONATO, 2012;MENDES;CARMOS, 2014). Reações como preocupação, ansiedade, desamparo, pânico, esquiva e medo frente à matemática, ocasionam muitas vezes desmotivação, desinteresse, tédio, abandono escolar e fuga de atividades que envolvam a matemática.…”