“…A presença deste trecho do livro O Segundo Sexo, Dessa forma, a partir da análise do conjunto destes pronunciamentos, podemos afirmar que 2015 foi um ano marcado pela emergência de uma nova estratégia político-discursiva no campo da sexualidade, com a ampla difusão do discurso da "ideologia de gênero" na sociedade brasileira, que se tornou um termo "guarda-chuva" amparando a atuação de grupos e lideranças conservadoras (Grzebalska, Kováts & Pető, 2017;Kováts & Põim, 2015). Muito certamente, um ano em que as posições societais do conservadorismo cristão avançaram sobre as políticas de educação, impondo derrotas aos movimentos sociais feministas e LGBT na arena de políticas públicas em diversas regiões do país, sobretudo a partir de mobilizações afetivas e políticas do medo estruturadas em torno de uma narrativa de combate à ameaça sexual às crianças (Balieiro, 2018 (Frigotto, 2017;Miguel, 2016 Naquele momento, podíamos visualizar a consolidação de um novo "bloco histórico" (Gramsci, 1971) no Brasil, a partir da convergência programática e da conformação de alianças entre amplos setores das elites econômicas, políticas e religiosas (industriários, mercado financeiro, setores do judiciário, grandes meios de comunicação, igrejas evangélicas, católicos conservadores, agronegócio, etc.). Compreendemos que tal bloco histórico atuou visando o controle irrestrito do aparelho estatal, a partir da estruturação de um projeto societal (socioeconômico, político e cultural) para o paíscom a eliminação e o cerceamento das oposições políticas.…”