O que esperam pessoas trans do Sistema Único de Saúde?

Abstract

Este artigo discute as críticas e sugestões apresentadas por pessoas trans para garantia de seu acesso e da promoção de ações para cuidado integral de sua saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). Foram realizadas entrevistas semiestruturadas, gravadas em áudio, transcritas e realizada análise de conteúdo. Apontou-se a formação continuada para trabalhadores da saúde, com o objetivo de reverter a realidade de discriminação, desrespeito ao nome social e dificuldade de diálogo entre profissionais e usuários trans, condições que limitam o acesso à saúde. Considerou-se a necessidade de universalizar a hormonioterapia e o implante de silicone e a reivindicação por atendimento multiprofissional na saúde trans como formas de garantir o cuidado e a segurança necessários aos processos de transformação do corpo.

Characteristics of hormone use by travestis and transgender women of the Brazilian Federal District

“…However, most transgender people self-medicate and do not resort to health services to perform their hormonalization. This is due to the scarcity of services and medical professionals who have mastered the specificities of the transgender matter and are able to prescribe drugs safely for these users 9 . Another obstacle is the prejudice rooted in the culture of health professionals who disrespect and delegitimize transgender identities, in addition to persisting pathological perspectives concerning these people 9 .…”

“…This is due to the scarcity of services and medical professionals who have mastered the specificities of the transgender matter and are able to prescribe drugs safely for these users 9 . Another obstacle is the prejudice rooted in the culture of health professionals who disrespect and delegitimize transgender identities, in addition to persisting pathological perspectives concerning these people 9 . On the other hand, it is known that self-medication is a practice conducted among transgender women and travestis; therefore, when they access such services, they have already been using hormones by indication of people in their respective networks or by information obtained on the Internet 10,11 .…”

A Produção De Conhecimento Na Estruturação Do Processo Transexualizador Em Hospitais Públicos

“…Dentre as negligências presentes nas demandas específicas dos homens trans inseridos no processo transexualizador, destaco: a oferta e dispensação de hormônios; os exames laboratoriais específicos; a ausência de iniciativas e tecnologias no processo transexualizador para os homens trans (TENÓRIO; VIEIRA; LIVADIAS, 2017). Isso retrata a assimetria de gênero no acesso ao processo de reconstrução de seus corpos e a reivindicação por atendimento multiprofissional nos serviços de saúde (ROCON et al, 2017).…”

“…Interroga-se sobre a capacidade de gerenciar as condições para o exercício da autonomia das pessoas trans e seus trânsitos pelos dispositivos clínicos de reafirmação de gênero, pois é central na construção de relações intersubjetivas entre equipe médica e usuárias/os a confiança mútua, humanizando o cuidado em saúde e apresentando novas performances identitárias para e com as equipes multiprofissionais dos serviços de transgenitalização (BORBA, 2016). As instituições e seus agentes precisam promover e respeitar a autonomia de decisão das pessoas sem deixar de exercer as tarefas requeridas de cuidados multiprofissionais (NEER, 2016;ROCON et al, 2017).…”

“…Esses obstáculos compõem as inúmeras variáveis que levam à população trans a resistir ao tratamento de saúde em serviços públicos credenciados, resultante dos trabalhos com entrevistas à população usuária. (ROCON et al, 2017;POPADIUK et al 2016;TENÓRIO et al 2017). É grande a discriminação, contribuindo com quadros de sofrimento psíquico, adoecimento físico e abandono de tratamentos.…”