Uma estratégia nacional de desenvolvimento no Brasil dos anos 1990

Abstract

Resumo Este artigo trata do predomínio de uma estratégia de desenvolvimento de cunho neoliberal no Brasil dos anos 1990 com duplo objetivo: 1) mostrar que, embora o cenário apresentasse desafios incontornáveis como a “reestruturação produtiva” e a “globalização”, a alternativa neoliberal não era a única disponível; 2) sugerir que, para entender como e por que um determinado tipo de estratégia de desenvolvimento é escolhido em determinada sociedade, é preciso ter em conta, também, o papel central desempenhado pelas elites estatais. O método utilizado foi um estudo aprofundado de caso, com fontes documentais, biográficas e bibliográficas. Divergindo com parte da literatura, os resultados permitem sustentar as duas hipóteses centrais deste trabalho: 1) havia no Brasil uma estratégia nacional de desenvolvimento (qualitativamente distinta tanto do “velho” desenvolvimentismo quanto da alternativa neoliberal) desde o início dos anos 1990; 2) o processo de implantação de uma estratégia de cunho neoliberal não foi respaldada por um consenso empresarial em torno dessa alternativa. A análise empreendida aponta para a importância de se considerar a presença de uma elite estatal subjetivamente orientada para entender a escolha do tipo de estratégia adotado naquele período.

Transnational Corporations and Capitalists from the Global South: Natura & Co. and the IEDI

“…Andrada (2005), for example, argued that the IEDI's industrial policy proposals could be considered aligned with the “new developmentalism”—depending on partnerships between the public and the private sector because market agents acting freely and without coordination could not produce a development project for the country. Nunes (2014) suggested that the key concept for understanding the IEDI’s agenda during the last decade of the twentieth century was “systemic competitiveness.” Although in the institute’s view some opening up of the Brazilian economy was necessary and even urgent, it had to be preceded by a strategy that would not undermine or extinguish parts of the national productive sector.…”

“…William Carroll (2010), Peter Dicken (2015), William I. Robinson (2004;2014), and Leslie Sklair (2002), among others, are renowned for their research on global capitalism as an epoch that differs qualitatively from those that preceded it.…”

“…As William I. Robinson (2004;2014) has pointed out, the implementation of information and communications technologies, the liberalization of financial flows, and the global trade opening often imposed by neoliberal structural adjustment policies gave capital a mobility that allowed it to dissociate itself from the constraints of the Fordist compromise that prevailed in the Trente Glorieuses, a true shift of epoch in the history of capitalism. For Robinson, the basis of economic globalization was the emergence of transnational capital from the global fragmentation and functional integration of production in the last decades of the twentieth century and the beginning of the twenty-first, forming the globalized circuit of production and accumulation described by the literature on global value chains (Gereffi, Humphrey, and Sturgeon, 2005) and on global production networks (Henderson et al, 2002).…”