"... O Que Eu Quero Para Minha Filha": Rumos De (In)definição Da Exploração Sexual No Brasil

Abstract

Resumo Este artigo visa construir uma aproximação antropológica, de cunho etnográfico, com a "exploração sexual" enquanto categoria política e jurídica em disputa e de ampla circulação pública hoje no Brasil. Pontualmente, prestando especial atenção a dados provenientes de trabalhos de campo em cidades amazônicas de fronteira em torno dos mercados do sexo/prostituição e suas políticas, em relação com publicações diversas, projetos de lei e outros materiais, o que pretendo é entender como a "exploração sexual" é capilarmente construída no trânsito entre planos transnacionais, nacionais e locais. Por esse caminho, lanço algumas ideias sobre o que é a "exploração sexual" nos seus efeitos e na sua capacidade produtiva, e destaco os rumos de (in)definição, desdobramento e expansão que, apesar das abundantes críticas, essa categoria vem tomando nos últimos anos.

“Sexual Exploitation” as a Logic, and Its Effects of Power in Contemporary Brazil

“…Furthermore, it is constantly expanding in terms of its age by its absorption of children, adolescents, "youth," and even occasionally "young women". Within this understanding, "youth" is portrayed as an accidental (or tragic) unraveling of the totality that is the "child" (Montgomery 2001;Landini 2006;Mujica 2013;Olivar 2016a). The subject of law in the struggle against "sexual exploitation" thus becomes defined as "the child", whose social materiality-their ethnic or racial belongings, socioeconomic conditions, geographic origins, or gender and sexual practices-is only recognized insofar as this intensifies their vulnerabilities, need for tutelage, and essential bankruptcy in relation to the model of universal childhood.…”

“…Elsewhere,Olivar (2016a) has called attention to the need to pay more attention to these criticisms. See alsoLandini (2006),Diógenes (2008),Blanchette and Silva (2016).…”

DESLANDES, Suely Ferreira; CONSTANTINO, Patrícia (Orgs.). 2018. Exploração sexual de crianças e adolescentes: interpretações plurais e modos de enfrentamento

“…No livro há um diálogo constante nas produções de conhecimento, com algumas referências citadas em repetidas ocasiões, denotando relativa sinergia entre os autores. Tal sinergia revela, paradoxalmente, uma condição interessante do campo: a consistência das cisões e das indefinições (Olivar, 2016). No livro é possível evidenciar momentos marcados por verdadeiras divergências no plano da construção social e política da verdade, em que valores de uma causa moral que é superior a qualquer evidência empírica são reafirmados.…”