Aquisição de acento de palavra do inglês por falantes de português brasileiro

Abstract

RESUMO Este artigo trata da aquisição do acento primário do inglês por falantes de português brasileiro. O objetivo é observar se falantes não nativos conseguem modificar a noção de sílaba pesada do português (equivalente a sílaba com rima ramificada) para a do inglês (equivalente a núcleo ramificado). Os resultados indicaram que o nível de proficiência é significante, mas que o segmento da sílaba final e a possibilidade de epêntese afetam ainda mais os resultados. Os resultados nos permitem defender que, apesar da grande influência da L1 nos níveis de proficiência iniciais, a reparametrização (nos moldes de Chomsky 1982) é possível.

A confluência do sândi, sílaba, segmentos e arcabouço prosódico – o caso do Português Brasileiro

“…13 Em segundo lugar, apesar de as sílabas iniciais serem mais proeminentes, Scarpa (1999) chama a atenção para a estratégia infantil de que as palavras têm o formato de uma estrutura métrico-entoacional de formato (L)LH(L) 14 . Santos (2001) argumenta que em um momento posterior essa estrutura é interpretada como WS 15 . Nesta estrutura, as palavras infantis são em sua maior parte dissílabas oxítonas, sendo possível a produção uma sílaba pretônica e de uma sílaba postônica.…”

“…Esta inserção seria a contraparte ao apagamento apontado por Scarpa, e teria o mesmo objetivo: privilegiar o arcabouço mencionado. Santos (2001) aponta que, em um momento posterior, o arcabouço é substituído por um arcabouço SW, quando a criança já estaria lidando com o acento de palavra (logo, este arcabouço deixa de ser entoacional para dizer respeito à extensão da palavra). De todos os casos de apagamento de sílabas sem ataque desta pesquisa, apenas 10 resultaram em palavras de apenas uma sílaba (e.g.…”

“…De todos os casos de apagamento de sílabas sem ataque desta pesquisa, apenas 10 resultaram em palavras de apenas uma sílaba (e.g. ´crua´ [ku], ´irmão´ [mãw]), menores do que um pé métrico, corroborando a análise de Scarpa (1995) e de Santos (2001).…”

“…Um pouco de atenção já foi dedicado à aquisição acentual e entoacional (e.g. SCARPA, 1997;SANTOS, 2001SANTOS, , 2021BONILHA, 2005), e muito pouco se sabe sobre a aquisição de regras fonológicas que se aplicam na fala adulta (mas veja ABAURRE; GALVES; SCARPA, 1999;KOMATSU;SANTOS, , 2021KICKHÖFEL, 2006;SILVA;SANTOS, 2010). 3 Porém, é fundamental voltarmos nossos olhos para os processos fonológicos, já que eles tornam opaca, para a criança (e para aprendizes de 2ª.…”

“…SANTOS, , 2021 à luz da concomitância da aquisição destas regras com a aquisição da estrutura silábica (cf. SANTOS, 1995SANTOS, , 2001 e da aquisição das vogais (BOHN;SANTOS, 2018). Especificamente, trato de discutir as seguintes questões: a) Como diferenciar, no percurso de aquisição, a emergência da regra de elisão em relação ao apagamento de sílabas devido à sua estrutura não canônica CV?…”