Com o crescente desenvolvimento das tecnologias computacionais, várias ferramentas estão disponíveis com o intuito de facilitar a construção de obras lexicográficas (dicionários, vocabulários, glossários etc.). Neste trabalho, objetiva-se descrever a funcionalidade e as etapas de aplicação de dois programas utilizados para a construção do Vocabulário do escritor baiano Eulálio de Miranda Motta: o AntConc, para a análise do corpus, e o Fieldworks Language Explorer (FLEx), para a organização do banco de dados e a edição dos verbetes. Adotou-se como base os princípios teórico-metodológicos da Lexicografia moderna (BIDERMAN, 1978; 1984; 2001; HAENSCH, 1982; WERNER, 1982; VILELA, 1983; 1995; PORTO DAPENA, 2002, entre outros) e da Linguística de corpus (BEBER SARDINHA, 2004; OTHERO; MENUZZI, 2005). Delimitou-se como corpus desta pesquisa 215 textos em prosa, escritos em vida ou publicados postumamente, sendo: 36 textos publicados na coluna Rabiscos do jornal Mundo Novo (1931 a 1932, Mundo Novo-BA); 17 textos publicados no jornal O Lidador (1933 a 1935, Jacobina-BA); 45 textos publicados no jornal O Serrinhense (1950 a 1951, Serrinha-BA); 24 textos publicados no jornal Gazeta do Povo (1960-1961, Feira de Santana-BA); 43 panfletos escritos de 1949 a 1983 (BARREIROS, P., 2015) e 50 causos que compõem Bahia Humorística, escritos de 1933 a 1934 (BARREIROS, L., 2016). Entende-se que essa seleção de 215 textos atende aos diversos suportes utilizados por Eulálio Motta para veiculação e divulgação de seus escritos, possibilitando inventariar o vocabulário usado pelo escritor durante um período de mais de 50 anos (de 1931 a 1983). O Vocabulário produzido é composto por 700 entradas, organizadas de A a Z, sendo 513 lexias simples, 35 lexias compostas e 152 lexias complexas (POTTIER, 1977), e tem como finalidade contribuir para a preservação de costumes e valores culturais do homem sertanejo, expresso no uso da língua.