Protocolo para Avaliar o Estresse de Minoria em Lésbicas, Gays e Bissexuais

Abstract

Resumo O modelo do Estresse de Minoria (EM) propõe a existência de estressores específicos que levam pessoas lésbicas, gays e bissexuais (LGB) à posição de maior vulnerabilidade social. O EM é composto por homonegatividade internalizada, a ocultação da sexualidade e as experiências de estigma. Embora o modelo tenha recebido suporte empírico, não há instrumentos adaptados para sua avaliação no contexto brasileiro. Portanto, este estudo objetiva a adaptação transcultural e a produção de evidências de validade para o contexto brasileiro de um protocolo para avaliação do EM em LGBs (PEM-LGB-BR). A amostra foi de 1451 participantes que responderam a Escala de Homonegatividade Internalizada, a Escala de Revelação da Sexualidade e a Escala de Experiências de Estigma. As análises fatoriais exploratórias e confirmatórias sugerem a estrutura de três fatores do PEM-LGB-BR como a mais adequada. Tal resultado é coerente com a teoria, tornando o protocolo válido para ser utilizado no contexto brasileiro.

Impactos do preconceito homofóbico na saúde mental das pessoas LGBTQI+: breves apontamentos

“…Entres os estressores, são citados: (1) homonegatividade internalizada -conhecido também como homofobia internalizada, sendo as situações onde os indivíduos internalizam atitudes, estigmas sociais sobre sua orientação sexual e assimilam as características como sendo parte de sua identidade, construída ao longo de sua história e experiências; (2) estigma imposto -quando as ações negativas acabam causando experiências de violência, discriminação e perseguição; (3) ocultação da sexualidade -pelo medo da rejeição, os indivíduos acabam buscando formas de esconder a sua orientação sexual, evitando possíveis punições (COSTA et al, 2020;MEYER, 2003 sobre as interferências do estresse de minorias na sua saúde mental, apontam que experiências de preconceito vivenciadas pelas participantes abarcam consequências no bem-estar, além de se mostrar em inteira relação com casos de psicopatologias, assim como a homofobia internalizada demonstrou ter relação negativa com os sentimentos de satisfação com a vida e felicidade.…”

O papel da voz na identidade de gênero

“…A literatura sobre saúde mental de gays e lésbicas têm apontado o apoio da família como um dos principais fatores protetivos (Costa et al, 2020) ou de vulnerabilização "Ah, tem um momento que é impossível, viver um segredo, algo marginal": uma leitura etnográfica-cartográfica da(s) micropolítica(s) da saída do armário DOI: 10.23899/9786589284475.11 151 (Soliva, Silva Junior, 2014). Assim, é bastante comum que essa aceitação não seja hegemônica, encontrando apoio entre alguns familiares e repúdio de outros.…”

“…Por outro lado, novas amizades também emergiram e foram relatadas como tendo um alto valor para suas vidas. Estes achados corroboram com a literatura sobre o papel protetivo das amizades na saúde mental de gays e lésbicas (Costa et al, 2020).…”

O processo depressogênico em lésbicas, gays e bissexuais em razão do Estresse de Minoria: revisão narrativa

“…Dessa forma, as comunidades médica e psicológica fazem existir um consenso de que as várias formas de sofrimento psíquico associadas à homossexualidade e à bissexualidade, como maiores índices de suicídio, abuso de substâncias, e práticas sexuais de risco, são efeitos das práticas discriminatórias, da homofobia internalizada, e das violências sofridas ao longo da vida, surgindo disso dificuldades de construir uma referência de autoestima positiva. (Costa et al, 2020) É nessas perspectivas de enorme divergência entre a qualidade de saúde mental vivida pelas minorias sexuais e pela população não estigmatizada que ascende como objetivo central deste estudo: discutir de forma teórica e crítica sobre os principais elementos do EM que levam ao desenvolvimento de sintomatologia depressiva, por meio de uma revisão narrativa.…”