Tendo como pano de fundo uma declaração de Sérgio Camargo, ex-presidente da Fundação Cultural Palmares, o artigo percorre as características do “bolsonarismo” e sua relação com determinados grupos políticos e movimentos sociais. Recorrendo à sociologia econômica, propõe-se que os fundamentos que sustentam a hostilidade relacional e desrespeito cultural com estes grupos são transpostos para processos os quais envolvem a transferência de recursos, bens e/ou serviços do erário. Conclui que há ideias, em alguns casos traduzidas em ações práticas, que nos permitem falar em um interesse discriminatório e moral na distribuição de recursos públicos, em flagrante descumprimento de diplomas legais e colocando em risco os avanços realizados pelo Estado brasileiro no que diz respeito às Políticas de Promoção da Igualdade Racial.