Mortalidade por câncer bucal e de orofaringe no Brasil, de 2000 a 2013: tendências por estratos sociodemográficos

Abstract

Resumo Observações generalizadas de tendências temporais de mortalidade podem encobrir padrões específicos relevantes. O objetivo deste estudo é analisar a tendência das taxas de mortalidade por câncer bucal e de orofaringe no Brasil, no período de 2000 a 2013, considerando as diferenças por sexo, sítio anatômico, faixa etária e raça/cor. Os dados sobre a mortalidade por câncer bucal e de orofaringe foram obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade. A tendência das taxas de mortalidade da série histórica, por estrato, foi estimada por regressão linear generalizada pelo método de Prais-Winsten. De 2000 a 2013, ocorreram 61.190 óbitos por essa doença (média de 3,50 óbitos/100 mil hab./ano). A tendência das taxas mostrou-se estacionária para homens e crescente para mulheres (1,31%/ano). Identificou-se padrão de crescimento para homens de 20-29 anos (2,92%/ano) e para homens pardos (20,36%/ano). Padrão de crescimento também foi identificado para mulheres brancas (2,70%/ano) e pardas (8,24%/ano). Conclui-se que a vigilância dessa condição deve considerar as diferenças sociodemográficas da população para um planejamento equânime das estratégias de cuidado, pois estas refletiram em padrões distintos de tendência das taxas mortalidade por câncer bucal e de orofaringe no Brasil.

Tendência da mortalidade por neoplasia maligna bucal e os fatores de riscos predispostos à população brasileira

“…Referente aos RHC, foi observado maior frequência à não ligação com histórico familiar em 58,3% dos casos; maiores registros em fumantes e consumo de bebida, 81,6% e 69,3%, respectivamente; com localização por Classificação Internacional de Doenças/CID para outras partes da boca (21%), outras partes da língua (19,8%), base da língua (8,8%), palato (5%), assoalho da boca (3,7%), lábio (1,1) e gengiva (0,9%); com estadiamento frequente para grau IV (52,9%) e protocolo de tratamento baseado em protocolos terapêuticos múltiplos (26,8%) (Tabela 1). Como exposto, a principal localização por CID refere-se as partes não definidas, como outras partes da boca (21%) e língua (19,8%), indo em concordância com a literatura (Aquino et al, 2015;Cunha et al, 2020;Moro et al, 2020;INCA, 2021).…”

“…segundo INCA (2021), as estatísticas nessa população são crescentes, sobretudo, devido sua maior (CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i3.26956 exposição aos fatores de risco e a menor busca pelos serviços em saúde. Estudo realizado porBeynon et al (2018), a neoplasia a esteve presente em 61,30% no sexo masculino, 38,70% no feminino, com 42,20% na faixa etária de 50-64 anos; para Oliveira et al (2020) a taxa de mortalidade foi de 2,20/100mil no masculino e 0,65/100mil no feminino, com 57,5% dos casos em faixa acima de 60 anos, contudo, o autor expõe uma tendência crescente aos óbitos no sexo feminino, atribuindo uma mudança na transição da doença; de acordo comCunha et al (2020), teve uma diferença entre os sexos de 3,9 vezes mais no sexo masculino, com 1,84/100mil, o mesmo segue em estudos porMelgaço et al (2021), com cerca de 84,8% em homens, cima de 60 anos (57,5%).A partir desse cenário, corroboram os dados da PNS/IBGE onde os homens, em especial, maiores de 60 anos detém menores cuidados com a saúde bucal, sendo reflexo de sua menor procura pelos serviços em saúde, compondo apenas 49,4% na consulta odontológica e 14,8% dos atendimentos em geral, afetando diretamente as medidas preventivas e tratamento às neoplasias. Adjuntos a isso, ressalta sua contribuição no quesito aos menores indicadores de qualidade de vida: apenas 10,2% mantêm uma alimentação saudável com consumo de frutas e hortaliças, 37,1% são estilistas e 16,2% tabagistas, o que pode ser reflexo da menor escolaridade existente na população brasileira (1-7 anos de estudos), afetando diretamente a percepção quanto os fatores de riscos, portanto, a maior exposição(IBGE, 2019).…”

Tendência Temporal da Mortalidade por Câncer de Boca e da Cobertura de Atenção Primária no Estado do Rio de Janeiro

“…A variação das taxas de mortalidade ao longo do tempo é comumente analisada em estudos sobre câncer de cabeça e pescoço [25][26][27][28][29] para suscitar hipóteses sobre diferenças em grupos populacionais, sobre falhas assistenciais nos fluxos dos usuários ou ainda no monitoramento das ações de controle da doença 28 .…”

Characteristics and in-hospital morbidity trends associated with oral and oropharyngeal cancers in Brazil

“…In males it is the 5th most frequent and in females it is the 13th most frequent cancer among all neoplasms. There is also a growing incidence of this disease in younger people and women [ 3 ].…”