Tendência da tuberculose em indígenas no Brasil no período de 2011-2017

Abstract

Resumo O objetivo deste artigo é analisar a tendência da tuberculose (TB) em indígenas no Brasil no período de 2011-2017. Trata-se de um estudo ecológico realizado com todos os casos novos de TB em indígenas notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, durante o período 2011 a 2017. Foram confeccionados mapas temáticos para acompanhamento da evolução espaço-temporal da TB na população indígena em cada ano. Para o estudo da tendência utilizou-se o modelo de regressão linear generalizada de Prais-Winsten. No período em estudo, foram notificados 6.520 casos de TB em indígenas. A incidência geral de TB em indígenas no Brasil foi de 109/100.000 habitantes. Na análise por regiões do país, as maiores incidências ocorreram nas regiões Centro-Oeste, Norte e Sudeste. Na análise por UF, as maiores incidências foram encontradas no Mato Grosso, São Paulo, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Acre, Maranhão, Pará e Rio de Janeiro. A tendência da doença nos indígenas foi estável tanto no país quanto na maioria das suas regiões e UF. A TB afeta desproporcionalmente os indígenas brasileiros e o presente estudo ao identificar regiões e UF prioritárias pode contribuir para a elaboração e fortalecimento de ações de controle mais específicas.

Fatores determinantes e a incidência de tuberculose na população indígena: Uma revisão integrativa da literatura

“…Como foi possível observar, há muito mais casos na população não indígena (branca, preta, parda e amarela). Entretanto, a distribuição de pessoas nas duas populações é extremamente desigual: em que pelo censo demográfico de 2010, a população autodeclarada indígena era composta por 817.963 mil pessoas, representando 0,4% dos brasileiros e em relação à Região Norte do país, há 305.873 mil indígenas, o equivalente à 1,9% da população da região (Ferreira et al, 2020). Diante disso, se faz necessário calcular o coeficiente de incidência em que permite comparar os casos nas duas populações.…”

“…durante os anos de 2011 a 2017. Nesse mesmo estudo, o Norte foi a segunda região do país com maior incidência com cerca de 124,9/100.000 habitantes e o estado do Pará, em sétimo lugar entre os estados com maiores taxas, com 165,5/100.00 habitantes (Ferreira, Santos, Oliveira & Caldas, 2020).…”

“…Ademais, é importante ressaltar a incompletude de dados do perfil epidemiológico dessa população, devido à precariedade do sistema de registro de informações, o qual é evidenciado pela subnotificação que ocorre por meio de falhas no preenchimento do campo raça/cor nas fichas de notificação e pelas características geográficas (Paiva et al, 2017;Ferreira, Santos, Oliveira & Caldas, 2020). Por conseguinte, os casos não informados poderiam ser utilizados para avaliar a gravidade da endemia, atraso na detecção de casos, se houve início tardio do tratamento e a sua efetividade.…”

A transferência da política de controle da tuberculose na população indígena em região de fronteira

“…Estudos epidemiológicos indicam que a TB aborda níveis preocupantes nos povos indígenas e apresentam indicadores desiguais em relação aos indicadores da população não indígena (MELO et al, 2012;ORELANNA;GONÇALVES;BASTA, 2012;RIOS et al, 2013;CUNHA et al, 2014;MENDES et al, 2016;MALACARNE et al, 2016;PAIVA et al, 2017;ZORZI et al, 2018;SILVA et al, 2018;FERREIRA et al, 2019). Sobre isso, esses achados reforçam e reafirmam a alta incidência de tuberculose em indígenas, geralmente predominante em homens da área rural, faixa etária economicamente ativa (ZORZI et al, 2019. Nesse sentido, esse agravo se manifesta na maioria das aldeias e geralmente com taxa de incidência elevada, sugerindo que as aldeias se constituem num importante foco de disseminação de TB (ORELLANA, GONÇALVES e BASTA, 2012;CUNHA et al, 2014;MENDES et al, 2016;PAIVA et al, 2017).…”

“…Apesar da disponibilidade de tratamento para a TB no Brasil, essa enfermidade ainda é uma das grandes causas de morbidade e mortalidade na população indígena no país (SANTOS et al, 2013;FERREIRA et al, 2019).…”