Trabalhadores da enfermagem: conquista da formalização, “dureza” do trabalho e dilemas da ação coletiva

Abstract

Resumo A singularidade das categorias de enfermagem na participação sociopolítica, especificamente sua ação coletiva, é a temática analisada. O artigo associa as condicionantes: origem social e aspectos do mercado de trabalho à ação política dos profissionais. A partir da associação analítica do estudo de caso ampliado, articulamos a interpretação da base de dados da Pesquisa Perfil da Enfermagem no Brasil, especificamente, sob os eixos: identificação socioeconômica, mercado de trabalho e condições de trabalho, com estudo etnográfico e entrevistas semiestruturadas em três unidades hospitalares. A revisão bibliográfica demonstra a inserção desses indivíduos sem secundarizar sua particularidade: o processo histórico de proletarização na formação social brasileira, a inserção feminina no mercado de trabalho e a relação com sindicatos. O histórico dos trabalhadores pautados pela inexperiência em ações de resistência ou representação sindical, associado à valorização do emprego como ascensão social resultam na configuração de regimes de trabalho assimétricos, elemento dificultador de ações organizadas, aspecto fundamental para a melhora das condições de trabalho.

impactos da Reforma Trabalhista sobre o trabalho da Enfermagem

“…8 Esse processo ocorreu em todos os setores da produção, inclusive na saúde. 4,5 A organização do trabalho da Enfermagem é alterada internamente com a divisão técnica, distinguindo as lady nurses, oriundas de camadas mais elevadas, responsáveis pela supervisão e pelo comando do trabalho executado, das nurses, oriundas de camadas mais baixas e que realizavam o cuidado direto aos pacientes. 1 Desde sua constituição como trabalho capitalista, a Enfermagem reproduziu a organização taylorista do processo de produção, fragmentando suas atividades e valorizando o domínio da técnica e dos instrumentos em detrimento do conhecimento da finalidade do processo.…”

“…No Brasil, tais características foram incorporadas em diferentes graus no trabalho das ocupações em saúde na década de 1990. 4,5 Essas características da reestruturação produtiva estão presentes no trabalho da Enfermagem no que diz respeito ao processo de trabalho, às relações contratuais e à empregabilidade da categoria profissional. Com a modernização tecnológica no setor, os serviços se ampliaram mas não houve aumento da força de trabalho; no entanto, na saúde, a tecnologia não substitui o trabalho humano da mesma forma que o faz na indústria.…”

“…Palabras clave: Legislación Laboral; Enfermería; Servicios Externos; Salud Laboral. Átila Augusto Cordeiro Pereira 1 Messias Lemos 1 Carlos Leonardo Figueiredo Cunha 2 Helton Saragor de Souza 3 Eric Campos Alvarenga 4 Glenda Roberta Oliveira Naiff Ferreira 5 Hugo Leonardo Pádua Mercês 6 Ellen Christiane Corrêa Pinho 7 1 Universidade Federal do Pará -UFPA, Programa de Pós--Graduação em Saúde, Ambiente e Sociedade na Amazônia -PPGSAS. Belém, PA -Brasil.…”

“…3 No capitalismo contemporâneo, a Enfermagem reproduz, em diferentes, graus a lógica toyotista de produção, exercendo regimes de trabalho cada vez mais precarizados. 4,5 Essas transformações têm tido forte influência no trabalho, principalmente das mulheres -e, consequentemente, de profissionais da Enfermagem -, pois muitas vezes as mulheres são protagonistas da renda familiar e que conciliam a tripla jornada profissional com as atividades domésticas e familiares. 5 Se antes da Reforma Trabalhista brasileira esses determinantes do trabalho da Enfermagem já produziam preocupações para pesquisadores e profissionais da Enfermagem, as novas regras trabalhistas tendem a intensificar as condições precárias e extenuantes de uma das profissões mais afetadas na área da saúde, composta, predominantemente, por mulheres e jovens.…”

“…5 Se antes da Reforma Trabalhista brasileira esses determinantes do trabalho da Enfermagem já produziam preocupações para pesquisadores e profissionais da Enfermagem, as novas regras trabalhistas tendem a intensificar as condições precárias e extenuantes de uma das profissões mais afetadas na área da saúde, composta, predominantemente, por mulheres e jovens. [4][5][6] Por isso, este ensaio teórico se propõe a realizar uma reflexão sobre as recentes mudanças no sistema de proteção trabalhistaprodutoras de um padrão de trabalho desprotegido, com maior liberdade decisória para o empregador e envolvidas numa narrativa neoliberal pró-empreendedorismo -e seus impactos sobre o trabalho da Enfermagem.…”