Objetivo: Este estudo tem como objetivo investigar a atenção nutricional e as práticas alimentares, na perspectiva de gestantes com excesso de peso assistidas na Atenção Básica de Macaé, Rio de Janeiro. Métodos: Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa, fundamentada no paradigma interpretativista. Realizaram-se entrevistas em profundidade, cujos dados foram submetidos à análise de conteúdo temática adaptada de Bardin. Foram entrevistadas 12 gestantes com excesso de peso, maiores de 20 anos, residentes em Macaé-RJ. Resultados: O estudo verificou o estabelecimento de relações verticalizadas entre o profissional de saúde-usuário, descontinuidade do atendimento nutricional e a não adesão às orientações dietéticas por algumas participantes. Houve maior aceitação do ganho de peso gestacional excessivo e adoção de práticas alimentares ambíguas, permeadas tanto pelo consumo exagerado de alimentos quanto pela retirada de alimentos considerados “ruins e/ou besteiras”. O discurso verticalizado do profissional de saúde, frequentemente autoritário, e a anulação da mulher enquanto sujeito ativo na construção do cuidado se manifestaram, de forma implícita, nas narrativas. Conclusão: A naturalização do excesso de peso gestacional, concepções construídas no imaginário social como o “comer por dois” e “desejos” durante a gestação, o conjunto das práticas alimentares nesse período e o suporte familiar constituem elementos relevantes a serem considerados pelas equipes de saúde para a organização da atenção nutricional.