“…16 Diante desses dois polos, cabe dizermos que, na era digital, parece haver uma valorização maior do primeiro modo de memória, na medida em que observamos o uso cada vez mais intensificado de recursos e dispositivos técnicos de estocagem e reprodução de informação. Dessa forma a memória em tempos digitais se tornaria, potencialmente, um acúmulo de informações recuperáveis que transmite a sensação de capacidade de armazenamento ilimitado 17 . Assim, na obsessão de tudo arquivar e transformar em conteúdo histórico, a ponto de, podendo tudo reter, reduzir a memória às suas bases materiais, de modo a já não se poder mais saber o que é útil para a vida, podemos pensar na segunda dimensão da memória concebida por Assmana recordaçãoe, consequentemente, na sua relação com a possibilidade do esquecimento que, a partir de então, deixa de ser uma ameaça à lembrança, uma disfunção que remete ao apagamento de rastros, e passa a ser uma de suas condições de possibilidade.…”