A creche e as famílias: o estabelecimento da confiança das mães na instituição de educação infantil

Abstract

This article aims to analyze the emergence of building trust by the mothers of children from 0 to 3 years old towards the public Institution of Early Childhood Education -Instituição de Educação Infantil (IEI). The analyses of this dimension of the relationships between the family and the Institutions of Early Childhood Education have been made based on the concept of trust as developed by Anthony Giddens as he analyzed the consequences of Modernity. The presented analyses focus on the senses and significances built by the mothers regarding their choice for the daycare center as the support for the children's care and education. They are founded on qualitative research involving both individual and group interviews with mothers whose kids attend public Institutions of Early Childhood Education. The conclusions indicate that the mothers act on the process of building a relationship with the school regarding the establishment of trust relationships and the legitimacy of the choice for the IEI for their children since the first years of their lives. This is shown by their actions towards reducing the lack of family knowledge about the IEIs as much as by the will to construct a narrative about Childhood Education and its teachers which will offer them more security.

Relações entre famílias e instituições de educação infantil: o compartilhamento do cuidado e educação das crianças

“…A ausência de identidade desse atendimento também foi e tem sido largamente discutida pelos especialistas da área (HADDAD, 1991), na medida em que a subdivisão entre creche e pré-escola só vem a ocorrer em 1996 com a incorporação, pela LDB, da faixa etária de 0 a 5 anos e, por consequência, da expressão Educação Infantil. A literatura da área tem identificado conflitos e tensões presentes no atendimento às necessidades dos diferentes atores envolvidos: crianças, pais ou responsáveis (familiares), professoras(es) e as instituições de Educação Infantil (IEI) (ROSEMBERG, 2001;RAPOPORT;PICCININI, 2004;SARTI, 2007;SILVA, 2014;MONÇÃO, 2015). Questões decorrentes da recente entrada…”

O Exercício Parental Contemporâneo E a Rede De Cuidados Na Primeira Infância

“…Esta questão emerge quando se discute a possibilidade de matricular bebês em creches, pois ao mesmo tempo em que o berçário é considerado um apoio legítimo para as mães que trabalham fora de casa, também é visto como desnecessário nos casos de mães que não atuam profissionalmente (Bruschini & Ricoldi, 2012). Diante deste dado, podemos levantar a hipótese de que, pelo menos no Brasil, a creche é considerada como um substituto ou uma extensão dos cuidados maternos, concepção esta que cada vez mais inclui aspectos educativos (Silva, 2014).…”

“…Contudo, a preocupação com a primeira infância leva mães que não trabalham fora de casa a matricular seus filhos em creches como meio de socialização que traz para o bebê o benefício de conviver com diferenças, tanto na relação com os adultos, quanto com seus pares. Ainda em relação às expectativas dos pais, Silva (2014) acrescenta que a confiança é um elemento central da relação creche-criança-família e que até os três anos do filho os pais se preocupam com questões de segurança, saúde e bem-estar.…”

Um estudo sobre a parentalidade contemporânea e a rede de cuidados com a primeira infância

“…Mesmo reconhecendo a importância de conjugar as necessidades da criança com as necessidades da família e de sustentar o saber da escola -embasado em um conhecimento cientifico -na prática essa conciliação, pela creche, nem sempre é possível Silva (2014). argumenta que a educação e o cuidado das crianças são parte da experiência familiar/conhecida dos pais, porém eles não dominam o cuidar/educar em um ambiente coletivo, que ocorre em parâmetros distintos daqueles que orientam essa prática no ambiente privado.…”

“…Os autores constataram que, para essa faixa etária, as crianças de famílias que possuem renda inferior a um salário mínimo são as mais prejudicadas em termos de acesso à instituição -resultado que indica não apenas a falta de vagas para crianças da rede pública, como sugere que nem sempre os pais compartilham os cuidados do filho pequeno com as escolas.Um aspecto fundamental para que os pais optem pela creche é a possibilidade de confiar na instituição, e em especial no educador responsável por seu bebê. Para aumentar a confiança das mães na instituição de educação infantil,Silva (2014) sugere que se reduza a lacuna de conhecimento dos familiares sobre a creche, bem como a construção de uma narrativa sobre Educação Infantil e seus profissionais que ofereça maior segurança às mães. A autora compreende, ainda, que o foco sobre os direitos das crianças como eixo da organização5 Utilizaram, para tanto, as seguintes bases de dados: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Texeira (INEP), Fundação Seade e Ministério da Educação.…”