Ciência de Mulheres Negras: um experimento de insubmissão

Abstract

RESUMO O objetivo deste artigo foi apresentar a ‘Ciência de Mulheres Negras’, teoria de conhecimento feminista negro desenvolvida à luz das minhas experiências como ativista pública, historiadora e professora universitária e como coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Intelectuais Negras UFRJ. Para tal, o texto foi organizado em três partes. Na primeira, dedico-me a caracterizar a ‘Ciência de Mulheres Negras’ como uma epistemologia alternativa focada nos saberes de mulheres negras. Na segunda, baseada em situações de sala de aula, apresento algumas práticas curriculares focalizadas no pensamento feminista negro. Entendidas como ‘atos de insubmissão’, tais práticas contribuem para criar conhecimentos ligados à intelectualidade de mulheres negras e à história do Brasil. Concluo dimensionando os desafios postos ao trabalho de produção e validação de conhecimentos feministas negros na comunidade científica.

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“…O racismo, o cisheteropatriarcado e o sistema adultocêntrico (centrado em adultos e desqualificando crianças e adolescentes) contribuem para uma cultura machista que tenta manter as mulheres, principalmente negras e indígenas num lugar de subalternidade no campo da ciência, qualquer que seja, principalmente as chamadas Stem (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). É preciso ainda muito investimento em políticas afirmativas para reparação e compensação de tudo que foi espoliado das mulheres negras e indígenas no campo da ciência (Xavier, 2021).…”

“…Estudos (Xavier, 2021;Pereira et al, 2019) mostram que a desigualdade e a invisibilidade de mulheres na ciência são desafios ainda postos. Uma desigualdade que não é apenas de gênero, mas também racial.…”