Necessidades de saúde da população rural: como os profissionais de saúde podem contribuir?

Abstract

RESUMO A urgência de ampliar o saber acerca das condições de saúde, de vida e dos anseios das famílias rurais, bem como as ações que os profissionais de saúde estão realizando para contemplar a prevenção de doença e a promoção da saúde, fundamentou a realização dessa investigação, que buscou compreender o que é necessário para ter saúde na perspetiva da população rural e como os profissionais podem contribuir para esse processo. Pesquisa qualitativa realizada com 57 agricultores, que residiam em 25 municípios do extremo sul do Rio Grande do Sul. Utilizou como técnicas de coleta de dados a observação sistemática, o registro fotográfico, a coleta de plantas medicinais e a entrevista semiestruturada. Os dados revelaram que as expectativas das famílias rurais em relação às ações dos profissionais de saúde configuram-se como instauradoras de necessidades em saúde nesses territórios, de obter uma relação mais próxima com os serviços, de que suas experiências vividas sejam compartilhadas, reconhecidas e valorizadas. As necessidades concatenam-se com a construção de espaços de relação e encontro, nos quais sejam oportunizados compartilharem experiências, servindo de suporte para superar as dificuldades individuais enfrentadas.

Determinantes Sociais De Saúde E Uso Do Preservativo Nas Relações Sexuais Em Mulheres Rurais

“…A população rural encontra diariamente dificuldades e desafios na busca pelo atendimento, seja por morarem longe dos serviços, pela espera para ter uma consulta, pela vulnerabilidade da assistência em comparação ao meio urbano (25) . As populações rurais brasileiras diferem das urbanas em uma série de fatores que influenciam o cuidado com a saúde, incluindo menor cobertura de serviços (15) .…”

Noções e uso de agrotóxicos: Um estudo de caso com agricultores familiares

“…No Brasil, o modelo de desenvolvimento agrícola vigente seguiu a tendência mundial da Revolução Verde, com vistas ao aumento da produtividade dos cultivos. Abrange a mecanização produtiva em larga escala, associada ao latifúndio, à monocultura, à biotecnologia, ao uso intensivo de agrotóxicos, ao agronegócio de exportação e à globalização da economia (Lima, et al, 2019;Pignati, et al, 2017). Esse processo de modernização agrícola foi fomentado pela ação estatal, que subsidiou políticas públicas de crédito rural para a aquisição deste pacote tecnológico, com isenção de impostos às indústrias de agrotóxicos, fertilizantes, transgênicos e outros insumos (Cunha & Soares, 2020;Freitas & Bombardi, 2018;Neves, et al, 2020;Porto, 2018).…”

“…Os custos pelo tratamento de intoxicações e outros agravos crônicos decorrentes da exposição aos agrotóxicos conformam externalidades negativas pelos danos à saúde e ambiente provocados pelo seu uso. Por isso, reforça-se a necessidade urgente de redução da demanda por agrotóxicos na agricultura a fim de mitigar essas externalidades negativas, o que requer intervenções no campo da saúde pública e do trabalhador rural, bem como a ampliação e fortalecimento de práticas agrícolas ecologicamente equilibradas (Cunha & Soares, 2020;Lima, et al, 2019).…”

“…Diante disso, constitui-se em desafio ampliar o debate sobre a problemática dos agrotóxicos para que gestores e profissionais de saúde busquem ações para enfrentar os impactos negativos na saúde dos trabalhadores rurais familiares, e da população consumidora dos alimentos por eles produzidos. Nessa direção, a enfermagem, em especial, deve se aproximar do contexto rural para identificação de demandas junto às comunidades rurais para, conjuntamente com os setores da saúde, da agricultura, do meio ambiente e movimentos sociais, buscarem estratégias que visem boas práticas para uso racional e mais seguro desses produtos nos cultivos, a fim de minimizar seus impactos na saúde e ambiente (Lima, et al, 2019;Miorin, et al, 2016).…”

“…A enfermagem, por meio da prática profissional direcionada à saúde do trabalhador rural, ainda requer investimentos em educação permanente que considere a compreensão do processo saúde-doença dos agricultores e sua interface com o trabalho e ambiente (Fenzke, et al, 2018;Viero, et al, 2016). Isto requer conhecimentos sobre os agrotóxicos e suas classes toxicológicas, manuseio e armazenamento seguro destes, importância do uso de EPIs, identificação, tratamento e notificação de casos de intoxicações com vistas a subsidiar ações de vigilância à saúde dos trabalhadores rurais, prevenção de agravos, promoção de saúde e mais qualidade de vida para a população do campo (Cezar-Vaz, et al, 2016;Lima, et al, 2019;Ristow, et al, 2021).…”