2016
DOI: 10.1590/0102-44500164769937201
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Do étnico ao pan-étnico: negociando e performatizando identidades indígenas

Abstract: RESUMO O objetivo deste texto é refletir, com base na teoria dos atos de fala proposta por Austin em 1962, sobre os modos como um grupo de professores indígenas da Amazônia Ocidental, mais precisamente do Estado do Acre, performatizam suas identidades em interações transculturais. Interessa-me aqui focalizar, sobretudo, os modos como esses professores constroem, discursivamente, não apenas suas identidades étnicas, mas, também, seu pertencimento a um grupo que, multiétnico, compartilha um projeto político comu… Show more

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“…O apagamento das identidades étnico-culturais indígenas ao longo dos séculos possibilitou o surgimento não apenas da crença de que os índios pertencem apenas ao passado, mas também a noção de um índio genérico, que foi utilizada como estratégia de apagamento e homogeneização dos povos indígenas brasileiros, colocando todos em uma mesma categoria de indianidade romantizada, "refém da ancestralidade", destituindo-os de suas diferenças e singularidades (GARGIONI, 2019;MAHER, 2016aMAHER, , 2016bMARTINS;KNAPP, SALES, 2016). Esse apagamento é notado nas falas de diferentes artistas em entrevistas.…”
Section: )unclassified
“…O apagamento das identidades étnico-culturais indígenas ao longo dos séculos possibilitou o surgimento não apenas da crença de que os índios pertencem apenas ao passado, mas também a noção de um índio genérico, que foi utilizada como estratégia de apagamento e homogeneização dos povos indígenas brasileiros, colocando todos em uma mesma categoria de indianidade romantizada, "refém da ancestralidade", destituindo-os de suas diferenças e singularidades (GARGIONI, 2019;MAHER, 2016aMAHER, , 2016bMARTINS;KNAPP, SALES, 2016). Esse apagamento é notado nas falas de diferentes artistas em entrevistas.…”
Section: )unclassified
“…No tocante ao que me interessa mais de perto argumentar neste texto, importa ressaltar que a indianidade pode, como aponta Maher (1998Maher ( , 2016, se manifestar e ser veiculada, tanto nos/pelos usos que os povos indígenas fazem das línguas de seus ancestrais, quanto da língua portuguesa. Nesse sentido, tanto os povos indígenas que vivenciaram processos de violento deslocamento linguístico, e, por isso mesmo, se comunicam atualmente apenas em sua variedade própria do português, quanto aqueles povos cuja variedade de português fica, geralmente, reservada para a esfera dos contatos interétnicos, vêm performatizando suas identidades étnicas em (e pelo) Português Indígena.…”
Section: Indianidade E O Português Indígenaunclassified
“…Para além das especificidades nas esferas do "vocabulário", da "gramática" e da "pronúncia", a que o texto do RCNEI faz, como apontado, referência direta (BRASIL, 1998, p. 114), as variedades indígenas do português se diferenciam também por características pertencentes ao domínio sociopragmático, frequentemente em atenção a elementos da chamada etiqueta interacional, isto é, dos modos culturalmente determinados do que seria um comportamento discursivo apropriado da perspectiva local (MAHER, 1998(MAHER, , 2016. Desse modo, com a intenção, já apontada anteriormente, de fornecer subsídios para o desenvolvimento de políticas linguísticas promotoras do respeito às variedades de Português Indígena, examino, neste texto, traços da cultura interacional de falantes do Português Kaxinawá na quarta seção deste trabalho.…”
Section: Indianidade E O Português Indígenaunclassified
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“…Além da inclusão desses atores na saúde, a cooperação também traz para as equipes de saúde novas possibilidades, novas práticas e formas de cuidar(VASCONCELOS, 2004).A construção da Política Nacional de Educação Popular em Saúde (PNEP-SUS), baseada em princípios como diálogo, amorosidade, problematização, construção compartilhada do conhecimento e emancipação, além de expressar o compromisso com um projeto democrático e popular, reforça que as práticas educativas aqui propostas são potencialmente capazes de fortalecer o SUS e o seu modelo de gestão e cuidado, passando pela formação dos profissionais de saúde e pelo atendimento por eles prestado, e a valorização prática dos princípios desse sistema (BRASIL, 2012).Os povos indígenas, ao carregarem a ancestralidade e os marcos passados dos seus antecessores, trazem também a história das suas lutas, enfrentamentos e estratégias de resistência cultural, política, étnica e de espaço. Historicamente, ao saírem compulsoriamente de espaços de protagonismo das suas narrativas, o que inclui modos de vida, direitos e formas de se expressar, foram colocados, consequentemente, em posições subjugadas por práticas colonizadoras e dominantes de poder(MAHER, 2016). Ainda porque esse processo histórico reflete na assistência à saúde desses povos, sobretudo se considerarmos que pode sertanto que éadoecedor (MAHER, 2016).A ancestralidade e os modos de viver e cuidar desenvolvidos por esses povos devem necessariamente ser encarados como práticas de saúde, não só como uma forma de garantia de artesanato e cerâmica também desponta como uma fonte de recursos financeiros para a comunidade, assim como o turismo.…”
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