2016
DOI: 10.1590/001152582016111
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Conjugalidades Distendidas: Trânsitos, Projetos e Casais Transatlânticos

Abstract: INTRODUÇÃO No Nordeste brasileiro, a praia de Ponta Negra, em Natal (RN), é um destino turístico balnear bastante procurado por homens europeus. Durante as suas estadias, é muito frequente o envolvimento com mulheres brasileiras que aí vão conhecendo, sobretudo no contexto do sexo transacional (programas), de onde resultam múltiplas configurações passionais transnacionais 1 . Os vínculos que europeus e mulheres locais estabelecem não representam, inevitavelmente, meros episódios fugazes nas experiências de laz… Show more

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“…29 Essa realidade interfere na força dos laços de conjugalidade, por impor limitações às relações, com encontros não periódicos. 30 Nas narrativas também observa-se que o contato direto e prolongado com a água é visto pelos garimpeiros como uma situação que predispõe o acometimento por doenças e leva ao surgimento de lesões. Em contrapartida, a utilização de EPI não foi evidenciada como meio para evitar ou mesmo minimizar os prejuízos destes riscos.…”
Section: Discussionunclassified
“…29 Essa realidade interfere na força dos laços de conjugalidade, por impor limitações às relações, com encontros não periódicos. 30 Nas narrativas também observa-se que o contato direto e prolongado com a água é visto pelos garimpeiros como uma situação que predispõe o acometimento por doenças e leva ao surgimento de lesões. Em contrapartida, a utilização de EPI não foi evidenciada como meio para evitar ou mesmo minimizar os prejuízos destes riscos.…”
Section: Discussionunclassified
“…É, justamente, na tentativa de ultrapassar estes constrangimentos que muitas mulheres em Ponta Negra, no quadro das suas relações passionais transnacionais, seguem determinados procedimentos micropolíticos de intimidade (Sacramento, 2017) que lhes permitem, com alguma frequência, assegurar condições para a realização de algumas das suas expectativas. Embora não haja, necessariamente, uma instrumentalização estrita da intimidade, os turistas europeus com quem se relacionam são fundamentais na construção dos seus projetos migratórios, assumindo um papel determinante na organização e no financiamento da deslocação para a Europa (Sacramento, 2016): ajudam em procedimentos burocráticos, compram o bilhete de avião, por vezes adiantam dinheiro para a aquisição de bens para a viagem (v.g., roupas, malas), tratam da instalação à chegada e asseguram o pagamento de despesas.…”
Section: Ambivalênciasunclassified
“…Uma segunda razão forte para o desapontamento face à Europa decorre da constatação de que, ao contrário do que supunham ainda nos trópicos, os europeus não são assim tão condescendentes e progressistas em questões de género -sobretudo quando estão em causa mulheres racializadas e sexualizadas, como as brasileiras -, nem o respetivo companheiro, em concreto, tão cavalheiro, atencioso, romântico e moderno como aparentava durante a estadia turística em Ponta Negra. Esta desilusão deriva, inevitavelmente, do grande antagonismo estrutural das expectativas de intimidade recíprocas que presidem à constituição destas relações transnacionais: elas querem romper com um tradicionalismo de género desejado por muitos homens europeus e ambicionam uma modernidade relacional indesejada por esses mesmos homens (Sacramento, 2016). O relato que se segue mostra claramente as tensões resultantes da cobiça de diferentes modelos de intimidade e a acentuada mudança comportamental associada à deslocação do Brasil para a Europa:…”
Section: (Des)ilusõesunclassified
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“…Mesmo com uma considerável e diversificada oferta de serviços sexuais nos seus países, há qualquer coisa, para lá daquilo que consideram ser a esfera da sexualidade, a que anseiam ter acesso durante a estadia turística. O que a etnografia em Ponta Negra mostra é que, de um modo geral, os turistas europeus procuram configurações de intimidade relativamente abrangentes, combinando numa geometria variável sexo, romance e mesmo a possibilidade de delinear projetos conjugais (Sacramento 2016b). Mais restringida ou menos restringida aos circuitos sociais dos "programas", conforme o conhecimento do contexto e a rede de contactos locais, esta procura é impulsionada pelo desígnio, muitas vezes gorado, de alcançar interações passionais o mais próximas possível daquilo que julgam ser a norma configuracional das relações íntimas; onde, desde logo, não esteja presente o ato explícito do pagamento que tende a caracterizar a prostituição, na expectativa de, assim, contactar de forma mais autêntica com a alegada excecionalidade da mulher brasileira.…”
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