Repercussão da expansão da ficção popular no Brasil dos anos 1930

Abstract

<p>O objetivo deste artigo é analisar a repercussão no Brasil, nas décadas de 1930 e 1940, dos gêneros destinados ao grande público, em especial daqueles que hoje consideramos de entretenimento como o policial, o sentimental e as aventuras. As fontes utilizadas serão as opiniões de escritores, editores e intelectuais publicadas em jornais e revistas publicadas em São Paulo e Rio de Janeiro. Primeiramente, vamos analisar como a expansão do mercado editorial pautou-se nesses gêneros<span>, como também perceberam</span> editores, escritores e livreiros da época. Em seguida, consideraremos suas opiniões sobre o papel desses gêneros para a cultura letrada no Brasil. Mostraremos posicionamentos que recusam qualquer valor a essa ficção, outros que restringem sua função <span>ao </span>entretenimento ou degrau para formação do leitor erudito, até mesmo as tentativas de nacionalização dessas histórias escritas por escritores estrangeiros e difundidas no Brasil da época.</p><div> </div>

Deuses brancos, exploradores e selvagens: histórias em quadrinhos e imaginário racial no Brasil (anos 1930 e 1940)

“…Por este motivo, são elementos importantes a serem observados nas imagens, no cruzamento das séries e microsséries, na reflexão sobre as múltiplas relações estabelecidos por artistas e leitores na construção e hierarquização visual das raças humanas. Nessa linha de pensamento, mobilizamos, para além de Groensteen (2015) e Barbieri (2017), outros autores que discutem temas referentes às características formais dos quadrinhos, como Gasca e Gubern (1991); Oliveira (2001), Ramos (2011) Almeida (2015), Dávila (2006), Gonçalo Júnior (2011), Hansen (2008, Martins (2001), Santos (20122015), Santos e Vergueiro (2016) e Vergueiro (2005; 61 . 59 BARBIERI, 2017, p. 67.…”

“…Além disso, algumas das considerações de Gasca e Gubern (1991) e Santos (2015) nos ajudaram a pensar diferentes aspectos formais dos quadrinhos de aventura na selva, como a representação dos tipos de personagem e os estilos gráficos empregados. 61 O trabalho de Almeida (2015) foi de grande ajuda na reflexão sobre a relação entre os quadrinhos de aventura na selva e o mercado de romances de ficcção popular. Os dados levantados por Dávila (2006) sobre escolaridade e alfabetização no Brasil nas primeiras décadas do século XX foram de grande importância para a discussão sobre diferenças de raça, classe, gênero e região e o alcance do mercado editorial.…”

“…Ao mesmo tempo, crescia a presença das histórias estadunidenses de aventura no campo da literatura. Em seu estudo, Leandro Antônio de Almeida (2015), por exemplo, aponta para o forte crescimento do mercado nacional de livros de ficção popular, como os romances de amor, os gêneros policiais e de aventura nos anos 1930, muitos dos quais eram de origem norte-americana 88 . As coleções de literatura de ficção popular eram voltadas para o público jovem e também tinham anúncios publicados em periódicos de quadrinhos, como se observa nas propagandas das editoras Empresa Editora Brasileira e a Companhia Editora Nacional, publicadas em O Tico-Tico nos números 1.473, de 88 ALMEIDA, Leandro Antônio de.…”