A democracia experimenta hoje quase que um consenso ao ser considerada o regime mais legítimo no horizonte político. Todavia, ela vem sendo posta em xeque pela crise da representação, pelo déficit democrático, pelo descrédito de suas instituições, pela persistência e pelo agravamento de problemas sociais e econômicos de toda ordem. Parece estar mergulhada em um paradoxo de consenso e insatisfação. Para o filósofo Miguel Abensour (1998), tal paradoxo se apresenta na figura de uma alternativa inarredável, da qual se faz crer não haver como escapar: "estamos, nós, condenados a uma alternativa cujos termos seriam seja o exercício temperado da democracia, seja o recurso ao antidemocratismo clássico?". Para autores como Jacques Derrida (1994), a saída desse dilema passa pelo desafio da Ciência Política de remontar à construção teórica da democracia para desfazer a aparente alternativa inarredável.Este artigo se inscreve na perspectiva dessa tarefa. Para isso, tenta ampliar a latitude da pesquisa democrática, investigando o pensamento 609 * Agradeço a Bernardo Ferreira (UERJ), Marcelo Jasmin (IESP/UERJ) e Gildo Marçal Brandão (in memoriam) pelos comentários feitos à primeira versão deste artigo na ocasião do 33 o Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). Agradeço igualmente a recepção crítica dos pareceres de DADOS. Assinalo que erros e equívocos são de exclusiva responsabilidade da autora.
Desafios da conjuntura e armas da teoria política: golpe, democracia e fascismo Realizada em agosto deste ano, esta entrevista de Cesar Guimarães se converteu em um depoimento reflexivo sobre democracia, golpe de estado e fascismo. Lançando mão dos recursos da teoria política, Cesar lembra os momentos em que os golpes à democracia instauraram o fascismo por vias liberais, sentenciando: “a política não pode mais se nutrir de nada parecido com o liberalismo. Nada”. Tendo como mote o golpe-impeachment de 2016, Cesar questiona o lugar do institucionalismo no pensamento político, evidenciando os mecanismos da relação entre golpe de estado e legalidade e, ainda, golpe de estado e governo representativo. Um dos fundadores do antigo Iuperj, Cesar Guimarães é mestre de gerações de cientistas sociais atuantes hoje no país. Esta entrevista-depoimento integra o livro, ainda no prelo, “Cesar Guimarães, uma antologia de textos políticos”, organizado por Thais Florêncio de Aguiar, Cristina Buarque de Hollanda e Pedro Villas Bôas Castelo Branco (IESP/UERJ). É preciso assinalar que a ironia, característica expressiva de Cesar Guimarães, se faz muito presente neste depoimento. Como o leitor pode notar, ela exerce espécie de função socrática, questionando ideias estabelecidas e provocando o senso crítico do leitor
O objetivo deste ensaio é conceber em que medida a reflexão sobre a constituição de uma civilização brasileira legou conteúdos e subsídios para o pensamento sobre democracia nesse território. Para tanto, tomou-se como objetos de pesquisa obras pontuais do Visconde de Uruguai, de Tavares Bastos, Euclides da Cunha, Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre. Mesmo naqueles autores nada identificados com a questão democrática foi possível encontrar formulações úteis a essa questão à medida que pensaram a formação do povo e do governo desse povo. Tentou-se, então, assinalar os corolários de tais formulações para a organização social e a política democrática. Além disso, a própria reflexão sobre a constituição de uma civilização brasileira coincidiu com a experimentação e o pensamento sobre a democracia no cenário político ocidental.É certo que a teoria democrática avançou no horizonte intelectual europeu e americano somente ao longo do século XX. Entretanto, a democracia, como forma de governo, ganhou contornos na modernidade com o advento das revoluções já nos séculos XVIII e XIX e juntamente com
Esse artigo resulta de uma pesquisa desenvolvida a partir de referenciais e produções decorrentes das contribuições do GEERGE, especialmente as da fundadora e pesquisadora Guacira Louro. A pesquisa teve como corpus de análise a série Liberdade de Gênero, exibida no canal GNT e teve como objetivo analisar as falas dos/as entrevistados/as na série acerca de suas vivências trans, problematizando sobre os atributos de gênero, o entrelaçamento existente entre gênero e sexualidade e as mídias como espaço de encontro e pertencimento. A série mostra em 10 episódios como se organizam as vidas de 14 pessoas trans que assumem a experiência de ter um gênero diferente do sexo anatômico, trazendo exemplos em que essas pessoas se inserem de forma bem-sucedida e feliz dentro da sociedade.
O linfedema é causado em virtude à insuficiência do sistema linfático e pode ser classificado em primário e secundário. O diagnóstico é sobretudo clínico e seu tratamento consiste em diminuir o edema do membro afetado e manter à integridade das estruturas. Este estudo visa descrever o caso de uma paciente portadora de linfedema secundário dos membros inferiores, acentuando-se as principais manifestações e formas relevantes de diagnóstico e tratamento dessa doença. O relato refere-se à paciente G.A.B.T, portadora de linfedema dos membros inferiores secundário a tratamento de câncer do colo uterino, realizado em outubro de 2001. Após realizadas sessões radioterápicas, observou-se edema persistente em membros inferiores, entretanto, apenas no início de 2003 ocorreu o diagnóstico de linfedema secundário dos membros inferiores em grau III (classificação de Mowlen). A paciente foi submetida ao tratamento medicamentoso associado à terapia complexa descongestiva e acompanhada por uma equipe de saúde, contudo, apresentou infecções de repetição, causando piora considerável no quadro clínico. O linfedema ainda é considerado uma doença subdiagnosticada, que afeta a qualidade de vida dos pacientes e gera aumento dos gastos com a saúde.
Neste trabalho temos como objetivo analisar alguns significados sobre transmasculinidades presentes em dois episódios da série Liberdade de Gênero, exibida no canal de televisão brasileiro por assinatura GNT. Entendemos esta série como um potente artefato cultural para reflexão acerca das identidades trans, nela são apresentadas algumas histórias de pessoas que não se identificam com o gênero designado para elas ao nascerem, negando qualquer determinismo biológico. O preconceito, a exclusão social, a pressão religiosa e familiar que esses sujeitos vivenciam, no caso dos entrevistados, não venceram o desejo de ser quem sentiam ser. Nossos estudos têm como base os Estudos Culturais, na sua vertente pós-estruturalista, destacando o efeito das mídias na produção dos corpos e das sexualidades e também como produtora de saberes e conhecimentos, entendendo que os discursos veiculados pela mídia acionam efeitos de verdade e que essa proliferação de discursos vem atuando na produção dos sujeitos. A metodologia da pesquisa consiste na análise cultural, entendendo que esse tipo de análise é potente para pensar o quanto as pedagogias exercidas por estes artefatos são produtivas na constituição dos sujeitos e como vêm produzindo e reproduzindo significados acerca da transgeneridade, em específico sobre os homens trans.
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