O presente trabalho propõe tomar o diagnóstico como um gesto de leitura que deve incluir suas condições de produção. Para tanto, retoma a concepção de linguagem operada pela psicanálise – cujo modelo se inaugura com a obrade Freud A Interpretação dos Sonhos (1900). A colocação em cena da leitura objetiva abrir espaço para que na atribuição de sentido que todo diagnóstico encerra esteja inscrita a possibilidade de que um não-previsto possa surgirna trajetória escolar dos ditos sujeitos da educação especial.
Este artigo discute as possibilidades colocadas na articulação do tripé psicanálise, educação e cinema. Em meio ao propalado empobrecimento da dimensão da experiência na cultura, o artigo problematiza em que medida a potência polissêmica do cinema poderia ser aproveitada como ferramenta de transmissão do legado da cultura aos sujeitos ainda apartados do acesso aos bens culturais. A partir da articulação da psicanálise com o tema da experiência em Benjamin, o cinema na escola é proposto como um dispositivo de articulação de uma Outra cena, passível de produzir outros e novos sentidos para a educação especial.
ResumoÀ margem da agenda política do Estado, a educação especial tradicionalmente se organizou como atendimento educacional especializado substitutivo ao ensino comum, em classes e escolas especiais. Nas últimas décadas, o Brasil, em consonância com movimentos internacionais, estabeleceu uma série de leis, políticas e programas para combater as desigualdades e a exclusão escolar. Nesse movimento, sujeitos com transtornos globais do desenvolvimento (TGD), tradicionalmente apartados dos processos de escolarização, são recebidos nas salas de aula e no velho pátio da escola. Quais racionalidades sustentam as formas de nomear e identificar esses alunos? Como compreender as relações entre os diagnósticos, as políticas e a inscrição das (im)possibilidades escolares? Em que medida as políticas inclusivas de educação especial desconstroem sentidos que relacionam os TGD à ineducabilidade, ou, ainda, a diferença à anormalidade e à inferioridade? O presente ensaio discute a implementação das diretrizes inclusivas considerando o texto político e seus efeitos no contexto da prática. A hermenêutica filosófica oferece os tempos e os focos da leitura. O argumento é tecido com e a partir das falas de um aluno e de professores, em diferentes campos de pesquisa. Do texto à vida, o incremento das matrículas; a proliferação dos sentidos sobre esses alunos e as possibilidades escolares; a atualização de antigos impasses perante o novo, o diferente. Se, no âmbito dos princípios, são reconhecidas a igualdade e as diferenças, na concretude das escolas ainda persiste a noção do diferente como desigual. Da inclusão ao pertencimento, aposta-se no diálogo como valoração da alteridade e condição de pertença.
Palavras-chaveEducação especial -Transtornos globais do desenvolvimentoPolíticas inclusivas -Desigualdade -Diferença.
Resumo: O presente artigo aborda o tema da constituição da noção de espaço para a psicanálise, discutindo as relações entre percepção e representação a partir de fenômenos de instabilidade de bordas no campo pulsional (como a alucinação, a despersonalização, o Unheimlich, os processos miméticos ou mesmo a errância psicótica). Propõe que as relações espaço-temporais no âmbito humano sejam tomadas como efeito da posição do sujeito na linguagem, problematizando a função do recalque como produtor de fronteiras que definem e estabilizam as relações do sujeito em sua experiência perceptiva.
O artigo parte da experiência em uma oficina de contação de histórias dirigida a crianças que apresentam impasses em sua constituição subjetiva e com entraves orgânicos. A partir disso, teve-se como objetivo refletir sobre os movimentos em oficina, mais especificamente o jogo de posições que se ensaia entre crianças e contadoras, e aproximá-los ao brincar na infância e aos jogos constitutivos do sujeito. Sugere-se que essa intervenção aciona trânsitos no processo constitutivo, a partir do contato com a trama das histórias e da sustentação em cena das contadoras que acolhem os elementos trazidos pelas crianças. Por fim, reconhece-se a importância, neste trabalho, de legitimar e acolher as diversas formas de comunicação, conferindo às crianças o lugar de sujeitos desejantes, ativas nas histórias e em seu processo de subjetivação.
Pretendemos trabalhar a noção de semblante em sua inserção no ensino e campo lacanianos. Sob essa consigna, procuramos compor um balanceamento crítico do conceito - procurando estruturá-lo nem como puro imaginário nem enquanto termo acessório na composição das fórmulas da sexuação. Para tanto, adentramos em debates contemporâneos sobre as identidades, evidenciados desde a teoria de gênero, propondo uma aproximação entre o semblante e o conceito de performatividade de Judith Butler.
Costuma-se denominar por Trauma Studies (Estudos sobre o Trauma) um conjunto de pesquisas interdisciplinares estadunidenses e europeias -notadamente influenciadas pela Psicanálise e pela Teoria Literária -que se valem do conceito de trauma como uma chave de leitura e análise das grandes "catástrofes" que marcaram o século XX e início do século XXI. Os trabalhos fundadores deste campo, e ainda hoje reconhecidos como canônicos, foram desenvolvidos por Cathy Caruth, Soshana Felman, Dori Laub, Dominick LaCapra e outros durante os anos 1990. Tais estudos tiveram como foco principal a Shoah, o holocausto judaico, e foram fundamentais para o desenvolvimento de pesquisas sobre a relação entre trauma, violência, testemunho e história. Ainda que a maior parte
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