This article analyzes the discovery of Chagas disease and the parasite that causes it (Trypanosoma cruzi) by Carlos Chagas in 1908/1909, with a special focus on the scientific and social context in which this occurred. Its inclusion in the international debate on European tropical medicine - especially with researchers from the German school of protozoology - and its connection with discussions on the modernization of the recently established Brazilian Republic are also examined. The discovery of Chagas disease became a decisive aspect in the scientific project that Oswaldo Cruz sought to establish at the institute that bears his name. It was extolled as a symbol of Brazil's scientific ability to produce knowledge in line with the international scientific agenda, while simultaneously being attuned to the specific problems of the country.
O objetivo do artigo é analisar dois períodos da trajetória de consolidação e legitimação científica e social da tripanossomíase americana ou doença de Chagas, descoberta em 1909 no interior de Minas Gerais por Carlos Chagas, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz. Primeiramente, a fase das pesquisas em Lassance, durante a vida de Chagas, quando foram formulados os enunciados básicos sobre a doença e, em seguida, a atuação, nas décadas de 1940 e 1950, do grupo de pesquisadores reunidos no Centro de Estudos e Profilaxia da Moléstia de Chagas na cidade mineira de Bambuí. Consideramos que a descoberta da tripanossomíase americana, no sentido da validação dos conhecimentos que tornaram a doença um objeto estabelecido e aceito, deu-se mediante um processo longo que ultrapassou não somente o episódio de identificação da nova doença, mas inclusive o período em que, em Lassance, as pesquisas foram ampliadas por Chagas e seus colaboradores. Nossa hipótese é a de que o trabalho desenvolvido em Bambuí foi responsável por garantir um acordo básico em torno da especificidade patológica e da relevância social da doença, a partir do qual esta tornou-se efetivamente reconhecida tanto como fato científico estabelecido quanto como problema de saúde pública.
O objetivo deste texto é analisar o processo de institucionalização da biotecnologia no Brasil, relacionando-o às características peculiares das relações entre ciência, tecnologia e sociedade estabelecidas no contexto das políticas estatais de desenvolvimento científico e tecnológico implementadas a partir da década de 70. Focalizando a experiência particular de configuração das atividades biotecnológi-cas na FIOCRUZ, considerada uma das principais instituições públicas de pesquisa em saúde do país, pretendemos contribuir para o debate atual sobre a difusão dos modelos internacionais de inovação nos países em desenvolvimento.
139Revista Dados 1ª Revisão: 10.04.2002 Cliente: Iuperj -Produção: Textos & Formas *Este trabalho teve origem em investigação financiada pelo convênio firmado em 1996 entre a Fundação Oswaldo Cruz -FIOCRUZ e a Organização Pan-Americana de Saúde, visando o estudo de instituições latino-americanas de pesquisa e desenvolvimento na área de saúde. Nosso agradecimento especial a Mário Hamilton, então vice-presidente de Desenvolvimento Institucional da FIOCRUZ, que nos convidou a integrar esse projeto, e aos cientistas desta instituição que viabilizaram a realização de nossa pesquisa. Agradecemos ainda a Manuel Palacios Cunha e Melo, por sua participação ativa nas discussões que deram origem ao presente texto, a Carlos Eduardo Calaça, pela colaboração valiosa como auxiliar de pesquisa e, finalmente, os comentários e sugestões apresentados pelos pareceristas anônimos de Dados.
Analisa o debate sobre a doença de Chagas, descoberta em 1909, em sua relação com a campanha pelo saneamento rural do Brasil (1916-1920). Argumenta que as bandeiras desse movimento estiveram diretamente referidas à definição e à legitimação dessa enfermidade como fato científico e problema social. A 'nova moléstia tropical', apresentada como emblema das endemia rurais, foi caracterizada como 'doença do Brasil', símbolo de um 'país doente'. A campanha sanitarista foi, por sua vez, elemento decisivo da polêmica em torno da doença de 1919 a 1923. Trata-se, portanto, de um caso exemplar de como as teorias da medicina tropical europeia foram utilizadas pelos cientistas brasileiros para produzir conhecimentos originais nesse campo, a partir de sentidos específicos ao contexto nacional do período.
This article analyses two periods in the history of scientific and social legitimization of American trypanosomiasis or Chagas' disease, discovered in Brazil in 1909 by Carlos Chagas, physician and researcher at the Instituto Oswaldo Cruz. Initially we focus on research during Chagas' lifetime, a phase during which the basic statements of the disease were formulated; then, the action in the 1940s and 1950s by the researchers of the Centro de Estudos e Profilaxia de Moléstia de Chagas, located in Bambui, Minas Gerais, is examined. The validation of knowledge that made the disease a scientifically and socially recognized object occurred through a long process that went beyond not only the event of identification of the new disease but the period in which Chagas and his collaborators broadened their research. Our hypothesis is that the work done at Bambui was responsible for reaching a basic agreement on the pathological specificity and social importance of the disease, and was the basis for its recognition as an important medical problem for Brazilian public health and for its becoming the object of government disease control policy.
This article analyzes the ways in which the book Beginnings of Brazilian Science: Oswaldo Cruz, Medical Research and Policy, 1890 – 1920, published by Nancy Leys Stepan in 1976, has been received in the debates on science and the history of science in Brazil. Our purpose is to show how the discussions prompted by Stepan’s book have been directly linked to the emergence of a new historiography of science in that country since the early 1980s, as a professionalized and institutionalized scholarly field. This process has been associated, in turn, with a broader policy debate in Brazil and Spanish America on the particular features of science, and of the history of science, in the so-called developing countries. We also seek to show the extent to which some of the questions posed in The Beginnings of Brazilian Science are still richly relevant to academic and political consideration of the complexity and specificity of the historical and social process of institutionalization of science. Rather than attempt an exhaustive analysis of the readings of Stepan’s work, we will focus on the main areas of historiographic debate, based on the more representative works and authors, especially in the 1980s and 1990s.
em história social da cultura por esta mesma universidade e doutora em história social pela Universidade Federal Fluminense (UFF). É pesquisadora e professora do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de
scite is a Brooklyn-based startup that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.