O objetivo deste artigo é mostrar que o ensino de Filosofia, mesmo quando concebido como reflexão sobre problemas da realidade atual, não pode deixar de proporcionar aos alunos o contato com as obras dos filósofos e a história da filosofia, contato este que deve ocorrer pela mediação do professor. Partindo-se do sentido etimológico da palavra filosofia, procura-se evidenciar a natureza problematizadora e investigativa do filosofar e caracterizá-lo como busca do saber, a qual pressupõe a admiração e a problematização das crenças cotidianas. Nesse sentido, a filosofia é a crítica e a superação do senso comum, como salienta Gramsci. O caminho pelo qual a filosofia realiza essa busca do saber é a reflexão sistemática e crítica sobre problemas da realidade. Essa reflexão, por sua vez, apoia-se no pensamento dos filósofos do passado e do presente que se ocuparam desses mesmos problemas, trazendo contribuições essenciais para sua compreensão e enfrentamento . Desse modo, a história da filosofia passa a ser entendida como “[...] contínua solução de problemas colocados pelo desenvolvimento histórico.” (GRAMSCI, 2001a, p. 343), adquirindo novo significado para o ensino dessa disciplina. Delineia-se, assim, aquilo que se poderia denominar de concepção histórico-problematizadora do ensino da filosofia.
A sociedade em que vivemos é marcada pela presença de classes sociais antagônicas (luta de classes), cujo conflito se manifesta também no interior da instituição escolar. Desse modo, a escola não pode ser vista apenas como representante dos interesses da classe dominante, uma mera reprodutora da estrutura social. Ela não é o "feudo da classe dominante"; ao contrário, é "palco de contradições", campo de batalha onde se confrontam as forças da dominação e as forças da libertação. Por esse motivo, é possível (e, de certo modo, até necessária) ao professor, dentro da especificidade do trabalho que realiza, direcioná-lo no sentido da critica e da transformação da realidade em favor das classes oprimidas.
Resumo: O objetivo deste artigo é analisar a relação professor-aluno à luz de algumas categorias de Antonio Gramsci. Para tanto, tomam-se como referências: um artigo jornalístico de sua autoria, de 1915; algumas notas dos Cadernos do Cárcere; e uma carta ao irmão Carlo, de 1930. Por esse caminho, pretende-se demonstrar que o autor advoga uma relação amigável entre professor e aluno, a qual exclui tanto o espontaneísmo pedagógico quanto o autoritarismo, o psitacismo e o diletantismo. Em suma, para Gramsci, a relação professor-aluno é de natureza dialética, de modo que “todo professor é sempre aluno e todo aluno, professor” (Gramsci, 2001, p. 399). Tal concepção se articula com as posições do autor sobre a relação entre os intelectuais e os simples e a questão da hegemonia.
Pretende discutir a relação entre ensino de Filosofia e preparo para a cidadania. Inicialmente, procura-se identificar e problematizar a concepção oficial dessa relação por meio do exame da Constituição Federal, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Médio. Verifica-se nesses documentos a presença de uma concepção liberal de cidadania, entendida como exercício consciente de direitos e deveres e como preparo para o ingresso no mercado de trabalho, em nome da qual se justifica, do ponto de vista oficial, a inclusão obrigatória da Filosofia no currículo. Num segundo momento, busca-se contrapor a esta noção de cidadania uma outra, fundamentada em Antonio Gramsci, para quem uma escola verdadeiramente democrática deve ser capaz de transformar todo cidadão em governante. Finalmente, discutem-se algumas implicações dessa noção gramsciana da cidadania para a prática do ensino da Filosofia.
O objetivo deste trabalho é analisar, à luz do pensamento de Antonio Gramsci, o problema da dicotomia entre liberdade e disciplina no ensino. Para tanto, são examinados: uma carta ao irmão Carlo, de 1930, dois pequenos textos jornalísticos de 1917 e algumas notas dos Cadernos do Cárcere. Por meio desses escritos procuro demonstrar a influência das fontes extra-escolares na formação dos educandos; a indissociação entre formação e educação; o valor pedagógico da coação e da disciplina, exercidas de modo afetivo e amoroso para a conquista da autonomia do educando. Dessa perspectiva, revela-se o caráter ilusório da espontaneidade pretendida pela referida pedagogia e reafirma-se a primazia do papel diretivo do educador.
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