RESUMO: Neste artigo, pretendemos investigar as nominalizações na língua Tenetehára (família Tupí-Guaraní) a fim de demonstrar que o DP e o CP contêm os núcleos funcionais To e Aspo, os quais são responsáveis pela codificação do tempo e do aspecto das sentenças nominais e verbais. A partir das ideias essenciais da proposta de Chomsky (2001, 2002), nossa hipótese é que os morfemas de tempo que aparecem em DPs e em CPs podem ser tratados como uma instanciação morfológica do núcleo funcional To. Essa morfologia serve como evidência de que ocorre atribuição de Caso estrutural para os possuidores e para os argumentos internos, ambos dentro do DP e do CP, respectivamente.
Para expressar individuação e cumulatividade, as línguas naturais apresentam uma significativa diversidade de mecanismos gramaticais que envolvem estratégias lexicais, morfológicas e sintáticas. Pretendemos demonstrar que, na língua Tenetehára (Tupí-Guaraní), a incorporação nominal constitui-se como um desses recursos. Para isso, será discutida essa operação sintática, que expressa baixo grau de individuação do termo incorporado, além de resultar ainda em nomes com uma interpretação cumulativa. Embora não haja, por exemplo, artigos nessa língua que possam denotar definitude ou especificidade, objetos não incorporados apresentam maior grau de individuação quando são contrastados com suas versões incorporadas. A análise aqui proposta se fundamenta em dados linguísticos elicitados que compreendem as duas estratégias de incorporação nominal nessa língua: (i) incorporação nominal com redução de valência, que envolve a incorporação do objeto de verbos transitivos; e (ii) incorporação sem diminuição de valência, que diz respeito à incorporação do termo possuído de sintagmas nominais na função sintática de sujeito de verbos intransitivos e objeto de transitivos.
This article aims to describe and examine the verbal agreement system in the Tenetehára language (of the Tupí-Guaraní linguistic family). We assume the hypothesis that the agreement displacement phenomenawhich are sensitive to person hierarchies -come from the mechanism of Agree, that operates on articulated φ-feature structures in cyclic syntax (Rezac, 2003; Béjar, 2000ab, 2003Rezac, 2009).We explore such agreement displacement in order to understand its syntactic and morphological character and its parameterization in Tenetehára. The analysis of the target language shows that cyclicity and Diadorim, 326 deriva quando a concordância muda, em termos de sintaxe cíclica, para o argumento externo, o qual é sensível à seguinte hierarquia de pessoa: 1>2>3 [+foc] >3 [-foc] (Duarte, 2007). Em suma, quando as configurações sintáticas resultantes são submetidas ao mecanismo de transferência (Transfer), as propriedades do componente morfológico parametrizam o resultado final. Assim, o fenômeno de deslocamento de concordância na língua Tenetehára exibe pelo menos três classes de derivação, as quais correspondem aos contextos direto, inverso e direto-inverso. PALAVRAS-CHAVE: Tenetehára (Tupí-Guaraní); deslocamento de concordância; hierarquia de pessoa; ciclicidade Diadorim, Rio de Janeiro,
Este artigo tem por objetivo examinar as estruturas de aplicativos disponíveis na língua Tenetehára (família Tupí-Guaraní). A partir da proposta de Pylkkänen (2002, 2008), assumimos a análise teórica de Vieira (2001, 2010) para o Guarani e o Tupinambá, demonstrando que o prefixo {eru-} em Tenetehára-Guajajára introduz um argumento aplicado alto, que estabelece uma relação comitativa com o evento descrito pelo verbo. Além disso, nossa análise se concentra no objeto aplicado, a fim de tentar determinar em que medida os objetos nas sentenças aplicativas apresentam propriedades sintáticas semelhantes aos objetos diretos de um verbo transitivo.
O objetivo deste artigo é apresentar uma análise das estruturas causativas, reflexivas, recíprocas e anticausativas na língua Tenetehára. Pretendemos demonstrar que esta língua apresenta dois morfemas causativos, a saber: (i) o morfema {mu-}, que causativiza verbos intransitivos, introduzindo uma causação direta, e (ii) o morfema {-kar}, cuja função é causativizar verbos transitivos, introduzindo uma causação indireta. Além disso, como será visto, as construções que vêm marcadas por meio do morfema {ze-} exibem propriedades de estruturas reflexivas, recíprocas e anticausativas. De forma sucinta, este morfema afixa-se apenas a verbos transitivos, diminuído sua valência. Adicionalmente, buscaremos analisar as propriedades morfossintáticas e semânticas da coocorrência do prefixo {ze-} com os morfemas causativos {mu-} e {-kar}. Finalmente, verificaremos como se dá o mecanismo de retomada anafórica, a ordem linear em que estes afixos ocorrem, e a semântica relacionada à dinâmica das forças perceptíveis no evento, que é sensível às derivações pertinentes.
RESUMOO objetivo deste artigo é descrever o processo de causativização morfológica na língua Tenetehára. Veremos que a língua disponibiliza dois morfemas causativos para realizar este processo: {mu-} e {-(u)kar}. O prefixo {mu-} tem como propriedade causativizar predicados de natureza intransitiva (verbos inergativos, inacusativos, deadjetivais e denominais). O sufixo {-(u)kar}, por sua vez, se afixa a predicados transitivos. Em sentenças contendo tanto {mu-} quanto {-(u)kar}, o sujeito é movido para a posição de objeto e um novo argumento é introduzido na posição de sujeito. Além disso, o argumento movido para as posições de objeto adquire o traço semântico de [+afetado]. Já o novo sujeito tem a seguinte composição semântica:[+desencadeador] e [+/-controle]. Para dar conta deste processo, adoto, neste trabalho, a proposta de estrutura bipartida do VP, nos termos de Larson (1988) e Chomsky (1995). Acompanhando estes autores, proporei, para a língua Tenetehára, que os morfemas causativos {mu-} e {-(u)kar} são a realização morfológica do núcleo causativo v o . Palavras-chave:Línguas indígenas, Tenetehára, estrutura argumental, causativização. INTRODUÇÃOEste artigo tem como objetivo: (i) fazer uma breve descrição da estrutura argumental da língua Tenetehára e analisar o modo como se realiza o processo de 1 A língua Tenetehára é falada pelos índios Guajajára e Tembé. Suas aldeias estão situadas nos estados do Maranhão e do Pará, Brasil. De acordo com Rodrigues (1984Rodrigues ( /1985, esta língua pertence à família linguística Tupí-Guaraní, tronco Tupí.
Propriedades verbais em estruturas nominaise nominalizadas na língua Tenetehára (família Tupí-Guaraní) 1 ABSTRACT: In this article we contend that the Tenetehára (Tupí-Guaraní) language projects verbal properties onto nominalized structures. This fact demonstrates that there is a formal parallelism between verbs and nouns. Based on this hypothesis, we claim that properties that are typically associated with verbs also occur in nominal phrases. More to the point, we propose that the nominal phrases receive functional morphology able to encode categories such as tense and aspect, the same ones that are typically associated with the extended projections of verbs. In order to show this, our analysis focuses mainly on the nominal constructions that exhibit the nominalizer morphemes {-haw}, {-har}, {-ma'e}, {-pyr} and {emi-}. KEYWORDS: Tupí-Guaraní; Tenetehára; Nominalization; Derivation; Inflexion. RESUMO:Neste artigo, temos por objetivo demonstrar que a língua Tenetehára (Tupí-Guaraní) projeta propriedades verbais em estruturas nominalizadas. Tal fato demonstra que há um paralelismo formal entre verbos e nomes. Com base nesta hipótese, mostraremos que as codificações associadas tipicamente a verbos também ocorrem em sintagmas nominais. Mais precisamente, propomos que os sintagmas nominais recebem morfologias funcionais capazes de codificar categorias de tempo e de aspecto. Para isso, focalizamos principalmente em nominalizações que se dão por meio dos morfemas {-haw}, {-har}, {-ma'e}, {-pyr} e {emi-}.
Este trabalho tem por objetivo tratar de alguns casos de variação que apontam para uma possível mudança linguística em Amondawa (Tupi-Kawahib). Quanto aos aspectos fonéticos, são apresentadas variações que podem implicar em uma alteração em seu sistema fonológico, tais como: a redução no inventário das vogais, mudança no padrão silábico e processo de fonologização devido à redução de alofones nasais. No que diz respeito ao léxico, devido ao contato com a sociedade não indígena, têm havido incorporações de palavras da língua portuguesa, criação de novas palavras a partir de mecanismos morfológicos do Amondawa e a adoção de nomes próprios alheios à cultura que interferem significativamente em sua onomástica tradicional. Por fim, quanto aos aspectos morfossintáticos, está em curso um forte processo de enfraquecimento do paradigma de concordância verbal, provocando uma mudança em seu parâmetro do sujeito nulo.
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