Este trabalho investiga o conceito de saúde em alguns discursos de referência científica, como a sociologia funcionalista, a antropologia e a epistemologia, a partir de autores representativos desses discursos, bem como focalizando suas relações com a noção de doença e com a prática clínica. No campo da sociologia, destacam-se os conceitos de normalidade, rotulação e desvio no referencial da teoria do rótulo. Apresentam-se em seguida os principais modelos de saúde na antropologia médica norte-americana, avaliando-se criticamente as proposições de uma nova perspectiva supostamente capaz de superar a dualidade entre cultura e sociedade: a teoria dos sistemas de signos, significados e práticas. Analisa-se a distinção canguilhemiana entre normalidade e saúde, ressaltando sua originalidade, juntamente com a proposição de saúde como capacidade normativa. Por fim, propõe-se uma distinção entre os conceitos de saúde primária, saúde secundária e saúde terciária como etapa inicial para um processo de construção teórica capaz de subsidiar políticas e práticas sociais baseadas em uma concepção positiva de saúde.
Os(as) transexuais exibem uma discordância entre sexo biológico e gênero. Em busca de uma adequação, optam por cirurgias, como: neocolpovulvoplastia (mudança do sexo masculino para o feminino), faloplastia (mudança inversa), mastectomia, histerectomia, e hormonioterapia. Este trabalho investigou as situações vividas por essas pessoas na busca de uma harmonia com seus corpos, incluindo os períodos pré e pós-cirúrgicos. Foram entrevistados quatro transexuais que já haviam realizado a cirurgia ou estavam em vias de realizá-la. Observou-se a importância das intervenções cirúrgicas e hormonais, assim como a mudança do nome civil, como condição para uma vida melhor. Constatou-se que a fila de espera no Sistema Único de Saúde (SUS), o protocolo pré-operatório de dois anos, o custo das cirurgias nas clínicas particulares e a falta de regulamentação jurídica para a mudança de documentação são algumas das maiores dificuldades encontradas para a realização do processo transexualizador.
ResumoEste estudo teve como objetivo apreender as representações sociais de graduandos em saúde acerca da pessoa travesti. Trata-se de uma pesquisa qualitativa fundamentada no referencial teórico das representações sociais, privilegiando a teoria do núcleo central. Participaram da pesquisa 243 estudantes, sendo 167 mulheres e 76 homens, com idade entre 18 e 63 anos. Realizou-se um teste de associação livre de palavras com a expressão indutora "pessoa travesti", cujos dados foram processados pelos softwares EVOC e IRAMUTEQ. A interpretação dos resultados dispostos no quadro de quatro casas permitiu-nos identificar o forte valor simbólico e afetivo dos campos semânticos "mulher", "diferente", "opção", "transformação" e "alegria", apresentados pelos estudantes, visto que explicitam particularidades do objeto representado. O preconceito foi caracterizado como o principal elemento enfrentado diariamente por quem se expressa enquanto tal. Os elementos que estruturam o núcleo central não revelam diferenciação entre orientação sexual e identidade de gênero, por parte dos graduandos.
Este artigo pretende reavaliar a obra de G. Canguilhem sobre a normalidade, a saúde, a doença e a patologia. Discute inicialmente a crítica canguilhemiana da abordagem positivista da dicotomia normal-patológico, avaliando-a como insatisfat6ria porque reafirma a disjunção qualitativo-quantitativo. Analisa ainda a distinção entre normalidade e saúde, juntamente com a proposição da saúde como capacidade normativa. Por fim, apresenta a reflexão ética pioneira de Canguilhem sobre a engenharia genética e a sua proposta de distinção entre saúde privada (subjetiva) e saúde pública, apontando para a necessidade de investigações epistemológicas sobre o conceito de saúde.
This article describes and analyzes the political and institutional context and the process of implementation of the Interdisciplinary Bachelor's degree in Health (IBH) during the 2006-2011 period. The methodology included document review and analysis of personnel records of the researchers involved. By using the concepts of "window of opportunity" and "hypercomplex organization," it was revealed that managerial and organizational structures were created and master-documents were prepared. In addition to this, actions for implementation of the course, related to the structure of the faculty and the academic council, preparation of the pedagogical project, planning, implementation and monitoring of the teaching-learning process in the various curriculum components offered since 2009 was conducted. Analysis of the challenges and prospects of the course indicates that the major problem is the tension between the traditional model of vocational and discipline-based higher education existing hitherto and the interdisciplinary model proposed by IBH. This tension can be overcome by the full implementation of learning cycles with the institutionalization of IBH as the first cycle of professional health education.
Este estudo tem como objetivos: analisar o conteúdo da produção de literatura sobre a prática de estágio supervisionado em psicologia clínica, com orientação psicanalítica, e refletir sobre a formação do psicólogo, suas dificuldades e desafios. Trata-se de uma revisão de literatura sistemática, através da qual se realizou o levantamento de artigos nacionais e estrangeiros para mapear a produção do conhecimento acerca da experiência de estágio supervisionado em psicologia clínica com orientação psicanalítica. A pesquisa foi feita no SCIELO.ORG, BVS-PSI e Portal de Periódicos-CAPES/MEC, através das palavras-chave: estágio, psicologia clínica e psicanálise. Os artigos mostram que há uma tensão própria à relação da psicanálise com a universidade. Para que haja trabalho clínico, essa tensão não poderá ser tomada pelo estagiário no registro da impotência, mas do impossível que precisamente convoca ao trabalho, destacando-se que é preciso se perguntar qual é a clínica possível, a partir da psicanálise, no contexto universitário. Os pesquisadores demonstram que o estágio supervisionado em clínica-escola pode se constituir como um espaço formador e transformador para o estudante de psicologia e seu posicionamento ético ante a diversidade. Verifica-se que essa experiência não é sem consequência para pacientes, estagiários e supervisores. Recorrendo a noções cruciais da psicanálise, os autores mostram como, na formação do psicólogo clínico de orientação psicanalítica, trata-se, sobretudo, de suportar e assentir com as posições éticas às quais o estágio convoca.
This paper aims to identify college students' knowledge of HIV ways of transmission and correlate it with their answers concerning the proximity to people living with HIV/AIDS. We applied a questionnaire from the Brazilian Ministry of Health to 591 health undergraduate students. We analyzed the 10 questions about the virus ways of transmission, evaluating the number of correct answers and verifying the association between the number of correct answers and questions related to the proximity to people living with HIV/AIDS. Most students (96%) answered correctly 7 to 10 questions related to HIV ways of transmission (Group A) and 4% answered correctly 3 to 6 questions (Group B). Correlating these two subgroups and the answers about the non-acceptance of proximity to people living with HIV/AIDS, we found significant association between Group B and the agreement that the employer should fire an employee living with HIV and the statement that they would feel uncomfortable if a child living with HIV/AIDS studied at the same school as their own children. Negative opinions concerning the proximity to people living with HIV/AIDS were less prevalent, but were correlated to the lower knowledge of HIV ways of transmission.
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