Resumo. Nas últimas décadas, assiste-se à emergên-cia de movimentos sociais de naturezas múltiplas, entre eles os grupos ligados à Economia Solidária. Originados, em geral, como resposta imediata a crises econômicas, esses grupos têm pautado relações econômicas diversas em relação à lógica mercantil hegemônica, além de estabelecer padrões de sociabilidade que pretendem ultrapassar o individualismo negativo e ostracismo. Contudo, além dos desafi os impostos cotidianamente aos grupos, relativos à autogestão, sustentabilidade e permanência, impõem-se também desafi os analíticos. O paradigma teórico-epistemológico moderno centrado em critérios clássicos de cientifi cidade tem se mostrado limitado em relação às interseccionalidades da desigualdade, por exemplo, mostrando-se insuficiente para abarcar a complexidade das experiên-cias. O que propomos, portanto, são apontamentos no sentido de buscar caminhos analíticos capazes de superar binarismos excludentes. As refl exões propostas partem de dados empíricos coletados a partir de entrevistas e observação participante junto a um Clube de Trocas na região metropolitana de Curitiba, experiência que colocou em evidência a imbricação e sobreposição de fatores como classe, etnicidade e gênero como operadores múltiplos da desigualdade.Palavras-chave: Economia Solidária, epistemologia, gênero, mulheres.Abstract. In recent decades we are witnessing the emergence of social movements of multiple nature, including groups linked to the Solidarity Economy. Originated in general as an immediate response to economic crises, these groups have adopted economic relations that are diff erent from those of the hegemonic market logic and established patt erns of sociability intended to overcome the negative individualism and ostracism. However, in addition to the daily challenges of the groups in terms of selfmanagement, sustainability and permanence, they also face analytical challenges. The modern theoretical-epistemological paradigm centered on classic scientifi c criteria has proved to be limited in considering the intersectionalities of inequality, for example, and is insuffi cient to encompass the complexity of the experiments. What we propose, therefore, are notes in the search for analytical paths able to overcome exclusionary binarisms. These refl ections are based on empirical data collected from interviews and participant observation at an Exchange Club located in the metropolitan region of Curitiba. This experience has highlighted the intertwining and overlapping of factors such as class, ethnicity and gender as multiple inequality operators.
Desde a década de 80 tem-se assistido a emergência de inúmeras inciativas e empreendimentos de geração de renda e redução da pobreza. Entre essas experiências encontram-se as alocadas no campo da Economia Solidária compreendendo empreendimentos que partilham de um determinado conjunto de princípios e valores, entre eles o respeito aos saberes, a relações horizontais de poder através da autogestão e distribuição equitativa dos recursos. Na medida em que se expande o leque de iniciativas algumas se destacam ganhando notoriedade em função do potencial humano e financeiro que mobilizam, em especial cooperativas de crédito e agrícolas. Contudo, ainda no bojo dos empreendimentos solidários, há um conjunto de iniciativas relegadas à invisibilidade, em especial Clubes de Troca e Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis, sobre os quais há poucos estudos ou mesmo referências na literatura especializada sobre o campo. Nesse sentido nos perguntamos sobre os processos engendrados nessa dupla invisibilização: são grupos que estão fora do mercado formal de trabalho e à margem dos empreendimentos considerados suficientemente relevantes para reivindicar recursos e políticas públicas. Qual seria o lugar social sobre o qual se inscreve o trabalho produzido por esses agentes? Quais os impactos objetivos e subjetivos dessa dupla invisibilização? A partir de levantamentos empíricos se pretende problematizar questões acerca de conceitos como trabalho, gênero e desigualdade.
scite is a Brooklyn-based startup that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2023 scite Inc. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers