Recentemente tem-se verificado uma condenação social aberta às formas mais tradicionais e flagrantes de racismo. Em conseqüência, em várias partes do mundo, alguns estudos utilizando metodologias tradicionais de coleta de dados têm demonstrado que os estereótipos negativos associados aos negros têm diminuído. Todavia, novas e mais sofisticadas formas de expressão do preconceito e do racismo têm surgido, corporificando muitos comportamentos cotidianos de discriminação, quer ao nível institucional, quer ao nível interpessoal. Estas novas formas de expressão do preconceito e do racismo produzem na psicologia social várias teorizações. Temos as teorias do racismo moderno, do racismo simbólico, do racismo aversivo, do racismo ambivalente, do preconceito sutil e do racismo cordial, dentre outras. Neste trabalho procuramos analisar cada uma das novas teorias sobre o preconceito e sobre o racismo, e discorremos sobre o suporte empírico que fundamenta cada uma dessas teorias.
This article analyzes the relationship between the luso-tropicalist representation
Um dado novo nas relações racializadas no Brasil nos últimos anos tem sido o das políticas de ação afirmativa para minorias étnicas. A política de cotas de acesso para negros e pardos nas universidades públicas tem gerado um intenso debate sobre questões de discriminação e de identidade racial que antes não pareciam pertinentes no país que possui a maior população negra vivendo fora da África. A fim de analisarmos a relação entre as percepções de justiça social e os posicionamentos de estudantes sobre as cotas, realizamos dois estudos em Aracaju envolvendo estudantes de dois cursinhos pré-vestibulares (um público e um privado) e estudantes de todos os cursos da Universidade Federal de Sergipe. Os resultados indicam forte rejeição às cotas, sobretudo na universidade. Pensamos que essa resistência pode indicar tanto uma recusa a uma transformação do modelo de justiça liberal, pautado no mérito individual, quanto uma resistência ao tipo de ação apenas midiática em que as cotas se estão transformando na sociedade brasileira.
Resumo Este artigo apresenta duas pesquisas empíricas que analisam a relação entre sistemas de valores e atitudes democráticas de estudantes universitários. No primeiro estudo (n= 350), investigam-se as dimensões subjacentes à estrutura e ao conteúdo do sistema de valores de estudantes de uma universidade pública. Na interpretação das dimensões obtidas considera-se a teoria de Schwartz sobre os tipos motivacionais e a teoria de Inglehart sobre os valores materialistas e pós-materialistas. Os resultados mostram que os valores se organizam em função de três sistemas: o religioso; o materialista; o pós-materialista. No segundo estudo (n= 200), repetem-se os resultados do Estudo 1 numa amostra de estudantes de uma universidade privada, e relacionase a estrutura de valores obtida com as atitudes democráticas. Constata-se que a adesão ao sistema de valores religiosos associase com a atitude negativa em relação à democracia, enquanto que esta atitude se relaciona positivamente com os valores pósmaterialistas. A discussão girou em torno do significado da democracia para estes estudantes. Palavras-chave: Sistema de valores; atitude; democracia.
A fim de entender como se manifestam e desenvolvem as atitudes perante as cotas, realizamos dois estudos, um antes da implantação desse sistema e outro depois. Participaram 334 estudantes dos cursos mais concorridos da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Os resultados indicaram atitudes muito contrárias às cotas, sobretudo às raciais. Depois da implantação, a oposição cresce para as cotas raciais e diminui para as sociais. Antes da implantação, os contrários afirmaram, sobretudo, que as cotas aumentavam o preconceito contra os negros; depois da implantação, a principal justificativa foi a de que elas discriminavam. Esses resultados são discutidos como indicadores das relações entre as ideologias do paternalismo e do senso de posição grupal no preconceito racial do Brasil.
ResumoCom o objetivo de analisar o papel dos contextos de resposta no preconceito automático, realizamos três estudos. No primeiro estudo, investigamos os efeitos de dois contextos normativos (igualitário e meritocrático) sobre o preconceito automático contra os Negros. Verificou-se que o contexto meritocrático aumenta o preconceito dos participantes; mas o contexto igualitário não reduz o preconceito. No segundo estudo, investigamos que sentidos as pessoas atribuem à "igualdade". Dois sentidos principais foram encontrados: solidária e formal. Essas duas formas de igualdade foram utilizadas como priming no terceiro estudo, juntamente com contexto meritocrático. Os resultados indicaram que o contexto meritocrático torna os indivíduos mais preconceituosos. No entanto, o contexto da igualdade solidária anulou a ativação automática do preconceito contra os Negros. A igualdade formal situou-se numa posição intermediária entre os dois outros primes. Estes resultados são discutidos à luz das teorias sobre o papel das normas sociais nos processos inconscientes ou automáticos de preconceito. Palavras-chave: Igualdade; competição; preconceito racial automático. AbstractThe present studies examined the effects of social norms on the automatic prejudice against Black people. Study 1 assessed the effects of egalitarianism and competitive meritocracy on automatic racial prejudice. The results showed that the competitive meritocracy context increases prejudice. But, the egalitarian context didn't reduce the prejudice. Study 2 investigated the meanings that people assign to "equality". A content analysis denoted two main social representations: equality in the law (Rights and Duties) and equality as solidarity in relationships (fraternity, respect to differences, solidarity, etc.). We named the first representation of equality as "Formal Egalitarianism" and the second as "Solidarity Egalitarianism". Those two forms of equality were used as priming in the third study, together with the competitive meritocracy norm. Results indicated that the competitive meritocracy context increased prejudiced responses. However, the solidarity egalitarianism context controlled the automatic prejudice against Blacks. Formal egalitarianism has no effect on the control of prejudice. These results support the hypothesis concerning the impact of social normative contexts on prejudice activation. Keywords: Egalitarianism; competitive meritocracy and automatic prejudice.Era madrugada do dia 04 de fevereiro de 1999, Amadou Diallo, 22 anos, imigrante negro da Guiné Bissau, há dois anos residindo nos Estados Unidos, saía do seu apartamento no Bronx para mais uma jornada de 20 horas de trabalho, quando foi abordado por quatro policias brancos da cidade de Nova York. Os policiais, que estavam procurando um estuprador, abordaram Diallo quando este tinha as mãos no bolso. Antes que Diallo pudesse retirar algo do bolso, recebeu 19 tiros dos 41 disparados. Ele tinha na mão apenas um isqueiro de metal quando foi morto. Pouco tempo depois, os quatro policiais ac...
Este estudo investiga os efeitos da cor da pele percebida e do sucesso social no branqueamento e na infra-humanização. Para a consecução deste objetivo, indivíduos brancos deveriam avaliar um grupo de pessoas negras e um grupo de pessoas brancas (representados por fotografias), que obtinham sucesso social ou que eram mal sucedidos socialmente. O delineamento utilizado continha duas variáveis independentes inter-participantes (cor da pele: brancos versus negros) e desempenho social (sucesso versus fracasso). Os resultados indicaram que os negros que obtêm sucesso social são percebidos como mais brancos do que os negros que fracassam. Uma análise de mediação indicou que quanto mais os negros com sucesso são percebidos como brancos mais características tipicamente humanas lhes são atribuídas. O inverso se passa para os negros mais percebidos como negros. Estes resultados são analisados e discutidos à luz das teorias sobre racismo no Brasil e sobre as novas expressões de racismo.
RESUMO Analisamos, em dois estudos realizados em Sergipe e Alagoas, a desumanização de duas minorias étnicas: índios e ciganos. Participaram 678 não indígenas de ambos os sexos. No primeiro estudo, foram 378 moradores de cinco cidades de Sergipe e uma de Alagoas, dos quais 104 viviam perto da única tribo indígena do estado de Sergipe. No segundo, participaram 300 não-ciganos, dos quais 153 viviam perto de comunidades ciganas. Realizaram-se entrevistas individuais sobre as representações sociais e crenças coletivas acerca de ciganos e índios. Verificamos que os índios são representados como exóticos e invisíveis, predominando crenças coletivas neutras ou de exclusão moral. Quanto aos ciganos, o processo de desumanização foi mais flagrante, predominando a exclusão moral e a deslegitimação.
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