RESUMO -O objetivo desse artigo é identificar o que pensam psicólogas que atendem ou atenderam mulheres em situação de violência doméstica/conjugal, e as motivações para a permanência de algumas delas nessas situações. A proposta metodológica é um estudo qualitativo, utilizando-se entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo. Os resultados apontam como motivação para as mulheres permanecerem em situação de violência: a força do patriarcado; as marcas identitárias do amor romântico e os ganhos secundários das mulheres na experiência vivida. Esses resultados confirmam em parte estudos anteriores, porém, algo novo se destaca. Ao contrário do que apresentam alguns estudos, as psicólogas consideram a determinação sociocultural do fenômeno da violência contra as mulheres na construção do sofrimento psíquico e da intervenção proposta. Depois de algum tempo de ativismo feminista, de pesquisa sobre o fenômeno da violência contra as mulheres e do trabalho com políticas públicas para essas mulheres, uma questão passou a se destacar: por que algumas mulheres persistem em relações mediadas pela violência? Mesmo depois da implantação de uma rede de enfrentamento à violência contra as mulheres (delegacias da mulher, casasabrigo, centros de referência) pelo governo federal, além da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) (Brasil, 2006c), algumas mulheres continuam vivendo relações conjugais mediadas pela violência. Nesse contexto é importante considerar que há muitas diferenças entre essas mulheres: etnia, classe, cor, instrução, que fazem a violência se expressar de diferentes formas e magnitudes, mas não faz com que alguma delas esteja livre de sofrer violência. PalavrasOutra questão relevante nesse contexto é que as políticas públicas para as mulheres em situação de violência apresentam as ações em psicologia como fundamentais na operacionalização dessa política específica. (Brasil, 2003(Brasil, , 2005a(Brasil, , 2005b(Brasil, , 2006a(Brasil, , 2006b.Diante disso, se faz necessário pensar sobre esse fenômeno. Assim, o objetivo deste artigo é identificar o que pensam psicólogas que atendem ou atenderam mulheres em situação de violência quanto às motivações para a permanência de um número significativo de mulheres em situações de violência doméstica/conjugal, como destaca Garcia, Ribeiro, Jorge, Pereira e Resende (2008).Para a discussão do fenômeno da violência contra as mulheres faz-se necessário utilizar a categoria de análise gênero. Considerando que a discussão sobre o conceito de gênero é extensa e complexa, e conta com a contribuição mais recente de autores/as como Rubin (1993), Butler (1990Butler ( , 1992, Bourdieu (1998/2005), Swain (2006), Arán (2009 entre outras/os, se faz necessário definir a partir de qual referência o problema em questão será analisado. Assim, neste estudo, as reflexões terão como base as discussões propostas por Butler (1990), Arán (2009), Lago (n.d.) e Swain (2006), que discutem a questão a partir do que se denomina a terceira onda do feminismo (Lago, n.d.).Butler (1990) apresenta a categoria...
O presente estudo trata-se de um relato de experiência, de caráter descritivo, que teve como finalidade narrar a experiência vivenciada por três psicólogas durante a idealização, planejamento e realização de grupos operativos remotos voltados para mulheres em meio à pandemia da COVID-19. As informações compiladas foram obtidas através das anotações e impressões das profissionais mediadoras da atividade grupal e tratadas através do método de análise hermenêutica-dialética. Dessa forma foi possível perceber a importância de discutirmos e pensarmos formas de preconizar a saúde mental das mulheres que vêm se mostrando vulnerável, antes mesmo do período de pandemia, e demanda intervenções que envolvem a construção de redes de apoio e, principalmente, políticas de assistência e proteção voltadas para o cuidado desse público socialmente vulnerabilizado.
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