O artigo tem dois objetivos inter-relacionados. O primeiro é sistematizar e analisar a literatura sobre modelos analíticos de implementação de políticas públicas. Identificamos dois principais modelos. Um deles é operado com base na valorização de variáveis independentes relacionadas à hierarquia organizacional, com foco no processo de formulação. O outro enfatiza variáveis referentes às características dos espaços locais de implementação e à atuação das burocracias implementadoras. Em comum, os modelos enfatizam as condições materiais do desenvolvimento do processo de implementação. A partir dessa constatação, o segundo objetivo é propor um modelo analítico para o processo de implementação de políticas públicas baseado na integração entre as variáveis centrais daqueles modelos e as ligadas às ideias, aos valores e às concepções de mundo dos atores. Trata-se de uma discussão dos modelos analíticos de implementação de políticas públicas à luz da literatura específica e pesquisas empíricas realizadas pelos autores sobre políticas de saúde e educação. Verificou-se que elementos dos contextos locais de ação como as representações e valores dos atores influenciaram a execução das políticas públicas na medida em que conformaram sua compreensão sobre o problema social e sobre a forma de confrontá-lo. A discussão contribui para a integração dos modelos analíticos sobre implementação e políticas públicas e para sua operacionalização.
Este estudo analisou a implementação da Política Nacional de Humanização nas unidades básicas de saúde de Porto Alegre. Centramos a análise no uso da discricionariedade pelos atores responsáveis pela implementação. Interessou investigar como suas decisões e ações contribuíram para a adaptação da política pública e, consequentemente, seu redesenho. Averiguou-se que os implementadores, diante da falta de treinamento nos marcos da política, da percepção de carência de recursos e do baixo grau de apoio, forjaram um entendimento peculiar dos objetivos e das estratégias da política pública. Eles criaram uma visão do que seria “humanizar” os serviços ajustada às preferências e necessidades locais. A política implementada diferiu da política formal. Contudo foi essa adaptação que permitiu a implementação de fato. Palavras-chave: burocracia, políticas públicas, discricionariedade, implementação, política social
Resumo:Relato de aplicação do desenvolvimento etnográfi co denominado etnografi a customizada, junto a uma softwarehouse. Adequação a contextos organizacionais contemporâneos dirige esforços de ajuste nas dimensões tempo e espaço etnográfi cos em acordo ao lugar em Geertz . A "teoria nativa" direciona a pesquisa que, por sua vez, é incorporada aos processos decisórios locais, auxiliando mudanças em direção à humanização e democratização das relações de trabalho. A metodologia realiza movimento transdisciplinar, confi gurando-se numa contribuição simultânea em diversos campos das ciências sociais, básica e aplicada.Palavras-chave: inovação, mudança, cultura, liderança, organização.Abstract: Account of an ethnographic development application, the customized ethnography, within a software house. Suited to contemporary organizational contexts, it directs eff orts to adjust the ethnographic dimensions time and space, according to Geertz 's concept of place. "The native theory" directs the research, which is incorporated into the decision-making processes, supporting local changes toward the humanization and democratization of labor relationships. This methodology conducts to a transdisciplinary movement, by sett ing in a simultaneous contribution in social sciences, basic and applied.
Identificamos e analisamos as razões para a introdução de inovações organizacionais em contextos burocráticos. À parte as grandezas estruturais específicas e os processos de rotina consagrados pela análise econômica, sugerimos um enfoque transdisciplinar que permita a identificação de padrões emergentes, tendências e/ ou transformações latentes, de abrangência mais ampla. Trata-se de proposta baseada em pesquisa empírica, na qual foram construídas as categorias de estudo a partir de anseios explicitados pela própria direção local, tendo como pano de fundo a recorrente ineficácia de programas de mudança frente a comportamentos locais recorrentes descritos como indesejáveis. Tal trabalho ofereceu explicações inéditas da realidade pesquisada, à guisa de teorias locais com implicação geral, consubstanciadas no mapeamento e descrição das categorias de pesquisa e da forma como estão organizadas.
Este artigo propõe uma análise dialógica transdisciplinar perante a recorrência explicativa de algumas razões de fracasso quanto às políticas públicas estudadas. Assim, navega conscientemente desde o referencial tradicional, desde manuais e visões consolidadas, até produções pós-estruturalistas e pós-modernas; trilhando a fragmentação dos discursos de poder, desnudando-os em elementos conceito-contextuais mais gerais às Ciências Sociais. Clarifica os limites das análises unidirecionais da gestão, empunhadas nos casos em que algo do plano não dera certo, redirecionando a responsabilidade para atores sociais que sequer participaram dos processos decisórios específicos. Então, após apresentação rápida de alguns olhares que configuram padrões de entendimento emergentes, apresentamos os fundamentos da Etnografia Customizada, desenvolvimento transdisciplinar em Gestão Social. Portanto, para entender tais fracassos, as explicações precisariam avançar para além das análises normativo-funcionalistas, em direção à incorporação de elementos simbólico-explicativos que estiverem protagonizando os contextos de ação pesquisados; igualmente, recolocamos a ideia de que os modelos funcionalistas, eficientes no gerenciamento de rotinas, teriam desempenho inferior quando em contextos de mudança.
DOI: http://dx.doi.org/10.13071/regec.2317-5087.2012.1.1.4026.95-121Trata-se de uma abordagem comparativa entre os conceitos de cultura e cultura organizacional, cada qual originado na antropologia e na teoria geral da administração respectivamente. Esse diálogo explicita as diferenças teóricas e as particularidades, possibilidades e os limites de sua aplicação, frente a essas duas procedências, quando em situações práticas. Sugerimos complementar o enfoque funcionalista, presente nas análises e práticas administrativas, com outros elementos relacionais presentes nos contextos de ação das estruturas locais. Finalmente, sugerimos que tal arremate poder-se-ia dar, eficazmente, por meio da incorporação da produção teórica e metodológica em ciências sociais, que, com a pesquisa empírica, vem demonstrando a possibilidade de apreensão da dinâmica cultural junto aos mais diversos lócus de estudo. Nossa proposta configura, então, em esforço de colaboração entre as mais diversas áreas das ciências sociais aplicadas.
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