Este artigo aborda as escolhas alimentares como objeto do Programa Bolsa Família, política pública brasileira de transferência condicionada de renda e combate à fome. O objetivo é pensar as relações entre a alimentação e a renda recebida por beneficiárias do PBF residentes no Rio de Janeiro. Argumentamos que a reflexão sobre a escolha alimentar deve considerar a “economia doméstica”, que inclui modalidades de arranjosfamiliares e estratégias de obtenção de renda por parte dos sujeitos contemplados. Sua análise revela a imersão do dinheiro do PBF no contexto sociocultural das beneficiárias, cujas transformações refletem variações no status desta renda. Estas variações mostram-se pontos-chave para a compreensão das dinâmicas das escolhas alimentares, incluindo preferências, preparação e aquisição de alimentos. Concluímos que mesmo em contextos de restrição orçamentária, estas escolhas não se resumem à economia, sendo também orientadas por outros valores como a saúde, os gostos individuais, os pertencimentos sociais e a criatividade.
Este artigo descreve e analisa a experiência de acompanhamento de mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família em um centro de saúde municipal na zona oeste do Rio de Janeiro. Através de pesquisa empírica, busca-se contribuir com dados qualitativos para a compreensão do universo que envolve o cumprimento das condicionalidades exigidas por essa política social. A metodologia utilizada é a observação participante empreendida nos atendimentos semanais oferecidos às participantes do Programa. As condições materiais e as atividades práticas que envolviam a realização das consultas nutricionais são apresentadas, assim como a relação destas com a gestão da estrutura burocrática que rege o funcionamento da instituição. Na conclusão, são discutidos os fatores que se tornam limitantes dentro desta estrutura e, sua relação com as beneficiárias, assim como as estratégias desenvolvidas pelos gestores e profissionais de saúde para contorná-los. A análise demonstra a complexidade de fatores que incidem sobre o cumprimento das condicionalidades do PBF nas unidades de saúde, problematizando perspectivas que tendem a responsabilizar moralmente as mães, apontando a sua conduta como fator exclusivo do qual depende a realização das contrapartidas exigidas.
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