Homenagem de vida à Marielle Franco.
106Percepções sobre o papel das políticas públicas relacionadas ao trabalho e responsabilidades familiaresResumo -Este artigo analisa as concepções prevalentes acerca da relação das políticas sociais -direitos do trabalho, serviços de educação infantil e de cuidado aos idosos -com o trabalho remunerado e o trabalho do cuidado na família. Trata-se de um survey, com 1000 pessoas, amostral e probabilístico, desenvolvido no estado do Rio de Janeiro, entre os anos de 2013 e 2015. Prevalece uma percepção que atribui eminentemente às famílias o cuidado às crianças pequenas e aos idosos dependentes. Os resultados mostram que, para superar os ordenamentos de gênero, as políticas públicas direcionadas aos cuidados necessitam ser ampliadas e desmercantilizadas frente às desigualdades de gênero no mercado de trabalho e no interior das famílias, evidenciados pela pesquisa. Palavras-chave: gênero; trabalho; família; políticas sociais; cuidados.Abstract -This article analyzes the prevalent conceptions about the relationship of social policies -labor rights, early childhood services and care for the elderly -withpaid work and family care work. This is a sample and probabilistic survey with 1000 peoplein the state of Rio de Janeiro, between the years of 2013 and 2015. The prevailing perception assigns eminently to families the care of young children and dependent elderly people. The results show that, in order to overcome gender structures, public policies directed towards care need to be expanded and de-commodified, in face of gender inequalities in the labor market and within families, as evidenced by the survey.
A partir do caso do programa de “Pacificação” de favelas no Rio de Janeiro, iniciado em 2008 e cujo objetivo foi combater a criminalidade violenta através da “ocupação" dessas localidades pela Polícia Militar, analiso os “efeitos”' da “pacificação" para além das fronteiras das favelas. Dez anos depois, e após ser realizado em 38 favelas, o fim do projeto foi anunciado durante a "intervenção federal” na segurança fluminense. Contudo, baseando-me em pesquisa etnográfica e na literatura, argumento que um dos “legados" das Unidades de Polícia Pacificadora foi a disseminação de um ordenamento social calcado na “militarização” da vida, que não é exclusivo do Brasil, mas cujas repercussões ficaram evidentes em nossos eventos políticos mais recentes.
Resumo A intervenção federal na área da segurança pública no estado do Rio de Janeiro, iniciada em fevereiro de 2018, e o anúncio da extinção de parte do Programa de Polícia Pacificadora levantaram a questão sobre o que muda e o que permanece no cenário das favelas cariocas após dez anos de “pacificação”. Este artigo procura responder a tal indagação, jogando luz sobre uma dimensão desse processo: a produção de uma nova sociabilidade nesses territórios, onde o empreendedorismo se apresentou como elemento fundamental. A partir de etnografia realizada em favelas com UPP e do acompanhamento de projetos públicos e privados executados à época, analisamos o impacto dessa produção sobre o tecido associativo dessas localidades.
Megaeventos esportivos e seus legados para a vida nas cidades e a democracia
Este artigo analisa alguns dos impactos sobre o tecido associativo das favelas do Rio de Janeiro após a implementação do programa das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), em 2008. Destacamos nessa investigação as possibilidades de produção da “crítica” – entendida nos termos de Boltanski (2013) – por moradores das favelas do Batan e do Borel, na zona oeste e norte da cidade, respectivamente. Os dados analisados foram produzidos com base na etnografia de “reuniões comunitárias” organizadas nessas localidades, onde moradores e gestores públicos (civis e militares) se encontram e negociam desde demandas pontuais à gestão cotidiana da vida nessas áreas. Assim, analisamos as situações de aliança, disputa, julgamento e outras formas de controle realizadas no escopo desses encontros. Nessas dinâmicas, refletimos sobre os recursos que são validados e deslegitimados por esses processos, produzindo formas de fala e de silenciamento no contexto de “pacificação” dessas localidades e de suas populações.
Neste artigo analisamos – tendo o Rio de Janeiro sob o “ciclo dos megaeventos” como cenário – a produção da Cidade Olímpica como um “jogo de luz e sombra”. Por um lado, uma parte da cidade esteve sob os holofotes, recebendo atenção da academia, da imprensa, dos atores políticos institucionais etc. – representada pela Cidade Olímpica. Por aqui, observamos os efeitos da transformação do Rio em uma “cidade de negócios” (marketing city) e, assim, analisamos as imbricações entre esse processo e a expansão do que chamamos de “militarização da vida”, especialmente nas favelas “pacificadas”. Por outro lado, uma importante parte da cidade foi colocada à “sombra” nesse processo: a Zona Oeste. Geralmente descrita sob o signo da ausência (de urbanização, de modernidade), nesta parte da cidade moram quatro entre cada dez cariocas. Apesar disso, ela esteve “apagada” de praticamente todas as representações do Rio no contexto olímpico. Utilizando pesquisa de campo realizada em localidades dessa região, bem como a análise de material da imprensa e da bibliografia pertinente, argumentamos que tal apagamento não significa que nada aconteceu na Zona Oeste durante os dez anos que durou o “ciclo dos megaeventos”. Por ali, observou-se, sobretudo, a expansão das milícias, grupos armados majoritariamente compostos por ex-militares. Investigamos, nesse sentido, as variadas formas adotadas pelas milícias na região, bem como os efeitos dessa presença para os moradores. Como conclusão, argumentamos que “luz” e “sombra” se produzem mutuamente no Rio de Janeiro atual, pois representam diferentes regimes territoriais que compõem a cidade. Argumentamos ainda que é fundamental para compreender o “jogo de luz e sombra” a conexão entre megaeventos e militarização, ambos fenômenos mundiais com expressões locais específicas, sendo as milícias uma expressão local da militarização experimentada em escala global.
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