Em um contexto marcado por controvérsias, o grupo musical católico Rosa de Saron é frequentemente questionado sobre o teor ambíguo ou confuso de suas músicas. Tal fato, que para os membros do grupo pode ser compreendida a partir de uma noção positiva de ambiguidade ou maleabilidade, surge também como elemento estratégico, pautado em uma prática musical e artística que busca legitimar-se como parte de uma das etapas do processo de evangelização, o primeiro anúncio ou querigma. Apostando no potencial de circulação dessas músicas e na multiplicidade de experiências por elas mediadas, religiosas ou não, espirituais ou ainda como “mensagem positiva”, a banda transita entre a evangelização e o mercado fonográfico das majors, produzindo a “música católica que o mercado quer”. Este trabalho tem como objetivo evidenciar que a banda Rosa de Saron e a popularização da “música positiva” podem lançar luz sobre as transformações na produção musical católica brasileira a partir dos anos 1990.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar alguns aspectos rela-
cionados à produção fonográfica afro-gaúcha. Busco mostrar que esses fonogramas vêm possibilitando o surgimento de novos repertórios de mediação com o sagrado e o fortalecimento do que chamo de artisticidade religiosa afro-brasileira. Como pano de fundo, argumento que a compreensão da questão pressupõe a quebra de linearidades entre o terreiro e o estúdio (CD), bem como das hierarquizações unidirecionais daí decorrentes. Em complemento, afirmo que a produção fonográfica afro-gaúcha adere a modelos da indústria musical, recompondo as
relações entre o ritual e o gravado a partir de novos parâmetros: o gravado (CD, mp3, DVD, entre outros) e o ao vivo (o ritual no terreiro como um show, espaço de consolidação de artisticidades).
Presentes em todas as regiões do Brasil, as lojas de artigos afrorreligiosos comercializam produtos necessários às mais diversas práticas mágico-religiosas. Ao adentrarmos em uma dessas lojas, alguns objetos chamam atenção pela forma como são acomodados, pois costumam ser expostos de maneiras que, no ambiente dos terreiros, seriam consideradas incomuns ou até perigosas. Para os vendedores, isso só é possível devido ao caráter cru desses produtos. Tendo como base pesquisa realizada em três lojas de Porto Alegre, argumento que estas podem ser compreendidas como espaços preparados para que os clientes adentrem um ambiente de cruezas a serem percebidas e sentidas. Estamos falando, portanto, em maneiras de exposição do cru. Considerando os diferentes elementos materiais e imateriais em interação, busco compreender como o cru é exposto e como as formas de expor produzem o cru. Por fim, argumento que essas lojas possuem uma maneira particular de lidar com a multiplicidade dos objetos.
scite is a Brooklyn-based startup that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.