O desenvolvimento humano é produto das relações sociais que são mediadas, vivenciadas e internalizadas pelo indivíduo. Assim, a maneira como o sujeito é inserido em seu grupo social tem impactos definitivos sobre sua constituição. Os indivíduos autistas, devido às alterações nas interações sociais, na linguagem e a presença de comportamentos estereotipados, podem ter a participação na vida social e cultural prejudicada, acentuando suas dificuldades. Os objetivos do trabalho foram analisar processos dialógicos de cinco adolescentes autistas enfocando: indícios de experiências que eles vivenciam no cotidiano e dizeres sociais impregnados em seus discursos orais, buscando subsídios para o processo terapêutico de tais sujeitos. O material empírico foi coletado a partir da realização, gravação e transcrição de duas sessões fonoaudiológicas individuais com três adolescentes autistas. As sessões privilegiaram o trabalho com as histórias de vida dos sujeitos e a utilização de fotografias pessoais como recurso terapêutico. As análises foram qualitativas, pautadas na análise microgenética. Os resultados apontam que as experiências que os sujeitos vivenciam são proporcionadas pela escola, pela família e relacionadas a passeios, viagens, festas de aniversários, convivência com parentes menos próximos, igrejas. Notou-se também que os pais e profissionais prolongam a infância de seus filhos autistas, representando-os, mesmo na adolescência, como crianças. Observou-se que os sujeitos autistas mantêm relacionamentos restritos às suas famílias, não demonstrando ter convivência com outras pessoas. Conclui-se que os sujeitos autistas vivem experiências culturais importantes e significativas para eles, porém, com pouca convivência com pares de seu grupo etário.
RESUMOObjetivo: analisar o relato dos familiares sobre o desenvolvimento dos filhos gêmeos, desde o momento da descoberta de uma gestação gemelar monozigótica, à procura de indícios dos fatores interacionais e sua relação com a linguagem. Métodos: trata-se de um estudo naturalista observacional e os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas realizadas com nove famílias de gêmeos monozigóticos, durante 30 meses. A análise dos dados orientou-se pelo paradigma indiciário e pelos preceitos da perspectiva histórico-cultural. Resultados: sete famílias relataram um desenvolvimento diferenciado de linguagem, mas não foi ressaltado de maneira tão relevante a ponto de causar preocupação na família. Conclusão: no discurso das famílias, a gemelaridade pode trazer implícita a idéia de que o desenvolvimento das crianças não segue o esperado, já que a própria condição de ser gêmeo não é esperada. ABSTRACTPurpose: to analyze the report of the families on the development of their monozygotic twins since the acknowledge of twin pregnancy, and describe the environmental factors, as well as their relationship with language. Methods: the study is based on naturalist/observational approach and the data were collected through semi structured interviews with nine families who had a pair of monozygotic twins, during thirty months. Data analysis was performed by using historic-cultural perspective and indicative paradigm. Results: seven families described a differentiated language development, but it was not stressed out in such a relevant manner to the point of causing concern to these families. Conclusion: twinning may bring out the idea that the development of these children do not follow the expected, once that twin children are also not expected.
OBJETIVO: Nas famílias de gêmeos monozigóticos, algumas práticas podem acompanhar o processo de gestação, nascimento e desenvolvimento dessas crianças. Inclui-se a escolha de roupas iguais ou com diferença apenas na cor, nomes com semelhanças fonéticas, rotinas parecidas quanto à alimentação e sono. O objetivo, aqui, foi acompanhar longitudinalmente uma família, analisando os pressupostos e práticas sociais manifestados discursivamente, a respeito da gemelaridade, a partir do diagnóstico da gestação gemelar de crianças monozigóticas, considerando-se, em especial, o desenvolvimento da linguagem e o processo de constituição da identidade de tais crianças. MÉTODOS: O trabalho pauta-se na abordagem naturalista/observacional, perspectiva histórico-cultural e no paradigma de natureza indiciária. Considerou-se os dados de oito entrevistas, vídeo-gravadas a cada três meses, a partir do diagnóstico da gestação gemelar monozigótica com uma família. Os dados foram analisados, considerando-se: a descoberta, escolha de nomes, vestuário, interação, rotina, linguagem e identidade. RESULTADOS: As categorias analisadas apareceram nos discursos coletados e revelaram a dificuldade familiar em assimilar a presença de gêmeos, que acabam sendo " dois vistos como um" . CONCLUSÕES: Os aspectos sociais envolvidos frente à semelhança são marcantes o suficiente para vencer a possibilidade de alteração no processo de desenvolvimento da linguagem e identidade dessas crianças. A Fonoaudiologia precisa incorporar à prática clínica, o acolhimento dessas famílias, com suas crenças e valores, para que as intervenções fonoaudiológicas, junto a essa população, sejam efetivas.
OBJETIVO: Avaliar a qualidade de vida de cuidadores de afásicos utilizando-se o The Medical Outcomes Study Short Form 36 (SF-36). MÉTODOS: Foram analisados 30 cuidadores de pacientes afásicos, de ambos os gêneros, na faixa etária de 16 a 70 anos. Do grupo controle fizeram parte 30 sujeitos, totalizando assim 60 sujeitos. Todos foram convidados a responder às questões do SF-36. Além disso, foram consideradas as variáveis: gênero, idade, há quanto tempo ocupa a posição de cuidador, grau de parentesco com o paciente, e comprometimento motor (marcha) do afásico. Foram feitas análises de regressão univariada e descritivas para testar as associações entre as variáveis. As pontuações receberam tratamento estatístico utilizando-se o teste U de Mann-Whitney, considerados os objetivos propostos. RESULTADOS: Variáveis como idade, tempo que exerce a função de cuidador, parentesco e comprometimento motor (marcha) da pessoa sob cuidados influenciaram significantemente as questões referentes aos aspectos físicos. Nos aspectos emocionais foram significativas apenas as variáveis idade e parentesco. Nos domínios referentes aos aspectos globais a única variável que influenciou no escore final foi o tempo de exercício da função de cuidador. Em relação aos aspectos físicos e globais, os cuidadores apresentaram escores estatisticamente iguais, enquanto que em relação aos aspectos emocionais observou-se que cuidadores tiveram menor escore do que o grupo controle. CONCLUSÃO: Em aspectos físicos e condições gerais, cuidadores e grupo controle não apresentaram diferenças consideráveis. Já em relação aos aspectos emocionais, os cuidadores apresentam-se mais comprometidos do que o grupo controle.
ResumoObjetivo: Observar o discurso familiar a respeito da gemelaridade, por meio de categorias inseridas nas práticas sociais, buscando subsidiar e delinear a contribuição do fonoaudiólogo e do pediatra no desenvolvimento de linguagem dos gêmeos monozigóticos.Métodos: O trabalho apóia-se no método qualitativo de pesquisa e a análise dos dados foi realizada segundo a perspectiva histórico-cultural e o paradigma de natureza indiciária. Em 30 meses, foram realizadas oito entrevistas semi-estruturadas seqüenciais, iniciadas à revelação da gestação gemelar e continuadas em intervalos aproximados de três meses até cerca de dois anos de vida dos gêmeos, com dez famílias que tinham em sua composição direta um par de gêmeos idênticos.Resultados: Sete categorias emergiram nos relatos obtidos com os familiares -a descoberta da gemelaridade, a escolha de nomes, o vestuário, a interação, a rotina, a linguagem e a identidade.Conclusões: Os depoimentos, práticas, valores e pressupostos estão relacionados com o desenvolvimento destas crianças e apontam que essas famílias precisam de um acompanhamento diferenciado e específico, desde o momento gestacional.Palavras-chave: gêmeos monozigóticos; desenvolvimento da linguagem; Pediatria; relações familiares; cuidados médicos. AbstRActObjective: To observe the way families express themselves about twins using categories related to social practices in order to help health care workers to contribute to the development of the speech of monozygotic twins.Methods: The study uses the qualitative method, based on a historic-cultural perspective and the evidential paradigm. During 30 months, eight sequential semi-structured interviews were applied to ten families who had identical twins. The interviews began when the diagnosis of the twin gestation was announced to the families and continued at approximately three-month intervals until the twins were two years old.Results: Seven categories were reported by the families during the interviews regarding the development of their twin children -announcement of the twin pregnancy, choice of names, choice of clothes, pattern of speech and identity of each child, as well as general routine and family interaction.Conclusions: There is a relationship between the development of the language in monozygotic twins and the attitudes and values reported by their families. Families of twins may need specific and differentiated follow-up since the gestational period.
Learni ng is a complex, dynamic process, structured from motor and perception skills which, when cortically processed, give birth to cognition. Balance is a fundamental neurological function that helps us maintain proper postures, an essential factor in learning and a sign or neurologic maturity. Aim: this paper aims to study vestibular function in children underperforming at school. Study design: this is a cross-sectional study. Materials and method: eightyeight children with ages ranging between 7 and 12 years attending the public schools of Piracicaba from 2004 to 2006 were enrolled. All children were interviewed, submitted to ENT examination, hearing tests, and vestibular examination. Results: fifty-one percent of the participants had no reported difficulties at school, whereas 49.0% were underperforming at school. Under vestibular examination, 73.3% of the children performing well at school had normal findings, whereas 32.6% of the underperforming children had normal test results. Unilateral and bilateral irritative peripheral vestibular alterations were found in 67.4% of the underperformers and in 26.7% of the children not experiencing difficulties at school. Conclusion: all vestibular alterations found had an irritative peripheral origin. There was a statistically significant association between vestibular alteration and poor performance at school.
Segundo a literatura, a disfunção vestibular infantil pode afetar consideravelmente a habilidade de comunicação e o desempenho escolar. OBJETIVO: Estudar a função vestibular em crianças com dificuldades escolares e suas queixas vestibulares. ESTUDO DE CASO: Estudo Clínico com coorte transversal. MATERIAL E MÉTODOS: Foram estudadas 50 crianças entre 7 e 12 anos, que freqüentavam escolas públicas de Piracicaba durante os anos de 2004 e 2005. Os procedimentos foram: anamnese; exame otorrinolaringológico; exame audiológico e avaliação vestibular. RESULTADOS: Das crianças avaliadas, 62,0% não relataram dificuldades escolares e 38,0% referiram ter dificuldades. A queixa geral mais comum foi de tontura (36,0%), e o sintoma mais comum no ambiente escolar foi de cefaléia (50,0%). Encontramos 74,2% de exame vestibular normal nas crianças sem dificuldades escolares e 31,6% de normalidade nas crianças com dificuldades. Encontramos alterações vestibulares de origem periférica irritativa tanto unilateral como bilateral, num total de 68,4% para as crianças com dificuldades escolares e um total de 25,8% para crianças sem dificuldades escolares. CONCLUSÃO: A queixa de atordoamento, o sintoma de náuseas e as dificuldades em ler e copiar apresentaram uma relação estatisticamente significante. Todas as alterações vestibulares encontradas foram de origem periférica irritativa. Os dados revelaram uma relação estatisticamente significante.
OBJETIVO: Estudar os sintomas vestibulares em crianças com queixas de dificuldades escolares. MÉTODOS: Foram estudadas 88 crianças entre sete e 12 anos, que freqüentavam escolas públicas da cidade de Piracicaba no período de 2004 a 2006. Os procedimentos utilizados foram: a anamnese; exame otorrinolaringológico; exame audiológico e questionário dirigido utilizado como instrumento de coleta de dados. RESULTADOS: Das crianças avaliadas 51% não relataram dificuldades escolares e 49% referiram ter dificuldades escolares. A queixa referida mais comum foi a de vertigem (22,7%), e os sintomas referidos mais comuns no ambiente escolar foram de ansiedade (95,5%) e cefaléia (53,4%), as dificuldades escolares mais citadas foram a de ler (56,8%) e a de copiar (43,2%). CONCLUSÕES: A queixa de tontura e as dificuldades em ler e copiar apresentaram relação estatisticamente significante nas crianças com queixas de dificuldades escolares.
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