A palavra "quilombo", que em sua etimologia bantu quer dizer acampamento guerreiro na floresta, foi popularizada no Brasil pela administração colonial, em suas leis, relatórios, atos e decretos, para se referir às unidades de apoio mútuo criadas pelos rebeldes ao sistema escravista e às suas reações, organizações e lutas pelo fim da escravidão no País. Essa palavra teve também um significado especial para os libertos, em sua trajetória, conquista e liberdade, alcançando amplas dimensões e conteúdos. O fato mais emblemático é o do Quilombo dos Palmares, movimento rebelde que se opôs à administração colonial por quase dois séculos.As centenas de insurreições de escravos e as formas mais diversas de rejeição ao sistema escravista no período colonial fizeram da palavra "quilombo" um marco da luta contra a dominação colonial e de todas as lutas dos negros que se seguiram após a
Resumo O artigo enfoca o quilombo como conceito sócio-antropológico para discutir suas atuais implicações teóricas e politicas, principalmente no que diz respeito ao quadro atual de exclusão social no Brasil. Busca estabelecer um contraponto entre os atuais impasses ao entendimento do artigo 68 da Constituição brasileira que se refere às comunidades remanescentes de quilombos, e o processo de implementação em curso, dificultado por várias artimanhas e estratégias, entre as quais se destaca a folclorização da cultura e identidade negra. Aponta também para a necessidade de novos referenciais que possam superar um certo reducionismo teórico no que concerne às implicações antropológicas dos direitos específicos perante principalmente as diversas armadilhas da folclorização.
More than a century after the abolition of slavery in Brazil, the term 'quilombo' continues to evolve new meanings, not all of them associated with its common definition as a runaway slave community. In this article, I discuss the significance of quilombo in its diverse social, political and historical contexts, demonstrating how changes in the uses and meanings of the term reveal broader trans-historical, juridical, political and metaphorical processes. I argue that quilombola communities should not be conceptualized as a racial category, but rather as a system of social organization and a right. Specifically, I show how the term quilombola is currently a way actors identify with Afro-descendants in order to achieve political recognition. I also describe how contemporary practices involving quilombos reveal historical tensions over land conflicts between historically marginalized rural black communities, private interests and governmental authority. I draw on evidence from field research in southern Brazil to illustrate my understanding of how quilombos work.
OLHARES DE ÁFRICA: LUGARES E ENTRE-LUGARES DA ARTE NA DIÁSPORA
No abstract
Há quem diga que a função da Arte é duvidar, interrogar, enquanto à Religião caberia elaborar as respostas, aplacar os ânimos, fazer as conexões necessárias, acomodar as inquietações, restabelecer o que as incertezas do dia-a-dia espalham no ar. Há aqueles que defendem que toda arte envolve a projeção de uma fé, principalmente a que está em busca da transcendência; e qual não está? Há também os que abordam a arte como uma das dimensões da criação humana; então, neste caso, tudo seria arte? Ou ainda, os que associam a arte voltada para a afirmação religiosa a um papel meramente doutrinário, dogmático e conformista. Esta discussão poderá nos levar a múltiplos e diversos caminhos e as análises atuais incorporam também questões ideológicas e políticas, instalando, portanto, em diversos graus, novas especulações, reflexões, questionamentos, recortes e generalizações. Complexas assertivas acerca do papel social desempenhado pela Arte e pela Religião podem, sem dúvida alguma, levar a discussões intermináveis, mesmo quando focadas em especificidades culturais, em interrogações estéticas, filosóficas, Doutora em Antropologia Social (USP), com pós-doutorado em Chicago e Lisboa.
ilka@cfh ufsc br AA primeira vez que visitei Silvio Coelho dos Santos em sua casa na gronômica, em 1982, ele tinha acabado de fazer um parecer técnico sobre a construção de uma barragem em terras indígenas No calor desta experiência/escrita, discorreu detalhadamente sobre certos "dilemas eticos" perante aquilo que considerava um ato espúrio de expropriação injusta dos recursos ambientais dos povos índios em Santa Catarma Como não se posicionar diante da iminência de um novo genocídio disfarçado em projeto de desenvolvimento , Era este o dilema ao qual respondia com firmeza e contundência, com uma visão convicta sobre o papel da Antropologia numa situação de conflito de interesses como a que se apresentava Diante de tão declarado pragmatismo consonante à possibilidade da mediação, Silvio passou a apresentar desde então, e em diversas circunstâncias, sua posição sobre o papel da Antropologia em situações de conflito, em seus relatórios, artigos e livros (Santos, 1983, 1989 2007) e também nos acalorados debates públicos e conferências que participou Foi assim que, em março de 2007, ele se apresentou com toda a sua autoridade de professor emérito da UFSC, ex-presidente e membro do conselho de etica da Associação Brasileira de Antropologia, para ILHA Revista de Antropologia
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