Há quem diga que a função da Arte é duvidar, interrogar, enquanto à Religião caberia elaborar as respostas, aplacar os ânimos, fazer as conexões necessárias, acomodar as inquietações, restabelecer o que as incertezas do dia-a-dia espalham no ar. Há aqueles que defendem que toda arte envolve a projeção de uma fé, principalmente a que está em busca da transcendência; e qual não está? Há também os que abordam a arte como uma das dimensões da criação humana; então, neste caso, tudo seria arte? Ou ainda, os que associam a arte voltada para a afirmação religiosa a um papel meramente doutrinário, dogmático e conformista. Esta discussão poderá nos levar a múltiplos e diversos caminhos e as análises atuais incorporam também questões ideológicas e políticas, instalando, portanto, em diversos graus, novas especulações, reflexões, questionamentos, recortes e generalizações. Complexas assertivas acerca do papel social desempenhado pela Arte e pela Religião podem, sem dúvida alguma, levar a discussões intermináveis, mesmo quando focadas em especificidades culturais, em interrogações estéticas, filosóficas, Doutora em Antropologia Social (USP), com pós-doutorado em Chicago e Lisboa.