Com o objetivo de debater a problemática que envolve a inclusão do aluno surdo no ensino regular, esse estudo se propõe a analisar aspectos envolvidos em tal problemática a partir da visão de um grupo de professores. Para tanto, foi aplicado questionário junto a 36 professores inseridos na Rede Pública do Ensino Fundamental e Médio do Estado do Paraná. A análise dos dados evidencia que as principais dificuldades citadas ora relacionam-se aos próprios professores - à falta de conhecimento acerca da surdez, à dificuldade de interação com o surdo, ao desconhecimento de LIBRAS -, ora aos sujeitos surdos - a própria surdez e a dificuldade de compreensão que tais sujeitos apresentam na ótica dos professores. Cabe ressaltar que os professores, sujeitos dessa pesquisa, não relacionam as suas dificuldades para ensinar com as dificuldades de seus alunos para aprender, como se o desconhecimento dos professores acerca da surdez, por exemplo, não tivesse implicações diretas na aprendizagem dos surdos. Conclui-se que a inclusão de surdos no ensino regular significa mais do que apenas criar vagas e proporcionar recursos materiais, é necessário que a escola e a sociedade sejam inclusivas, assegurando igualdade de oportunidades a todos os alunos e contando com professores capacitados e compromissados com a educação de todos.
TEMA: a Fonoaudiologia vem utilizando os recursos da Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA) para proporcionar maior autonomia a pessoas com limitações significativas da linguagem oral. Seu uso vem lentamente se expandindo no Brasil, mas ainda não constitui prática de amplo conhecimento na área da Fonoaudiologia. OBJETIVO: analisar a produção do conhecimento acerca da CSA publicada em periódicos especializados da área da Fonoaudiologia, no período entre 1997 e 2005. CONCLUSÃO: chega-se à conclusão que um panorama mais completo da produção científica em CSA se faz necessário com uma futura análise da produção do conhecimento acerca da CSA em outras áreas que desenvolvem estudos sobre essa temática, como na Pedagogia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Psicologia, dentre outras.
INTRODUÇÃO: a interação social e o acesso à educação e à saúde dependem de processos interlocutivos que se efetivam a partir das diferentes modalidades de linguagem. Nesse sentido, as condições de leitura e de escrita, vivenciadas pelos sujeitos, assumem papel decisivo em seus processos de envelhecimento, sobretudo ao ser considerado o fato de a sociedade atual pautar-se em atividades que envolvem diferentes níveis de letramento. OBJETIVO: este estudo objetiva analisar as condições de letramento de um grupo de pessoas com idade mínima de 60 anos frequentadores da Unidade de Saúde da Praça Ouvidor Pardinho, em Curitiba, PR. METODOLOGIA: Para analisar tais condições, foram aplicados um questionário e um teste de leitura contendo textos de gêneros diversos a um grupo de sujeitos idosos, frequentadores de uma Unidade Básica de Saúde, situada na cidade de Curitiba, Paraná. O questionário abrange idade, nível de escolarização, profissão, bem como práticas e situações de leitura e escrita. No teste de leitura, os sujeitos foram convocados a localizar informações explícitas nos textos e realizar inferências. RESULTADOS: Os resultados obtidos revelam um acesso restrito da população idosa à linguagem escrita, pois apesar de os sujeitos da pesquisa afirmarem que costumam ler livros, revistas e jornais, foi possível verificar que a maioria não consegue extrair informações apresentadas em textos simples que circulam corriqueiramente no cotidiano social. CONCLUSÃO: Convém ressaltar que o cumprimento do Estatuto do Idoso brasileiro depende da implementação de políticas públicas capazes de garantir a promoção de práticas de letramento junto a pessoas em processo de envelhecimento, uma vez que sem o desenvolvimento dessas práticas não é possível contar com princípios de equidade social que possibilitem ao idoso efetivar sua cidadania.
Neste artigo discute-se a desconstrução do conceito de dislexia que se situa em dois polos: nas ciências da saúde que apresentam como causas da dislexia fatores orgânicos (funcionamento cerebral, fatores genéticos, dificuldades cognitivas) e nas ciências humanas, causas ligadas a fatores sociais (letramento, singularidades, fatores educacionais) cujas implicações recaem sobre dificuldades das crianças. Em um polo, há a construção de uma patologia, no outro, sua desconstrução por meio de conceitos como heterogeneidade e diferenças socioculturais. Trata-se de discussão relevante uma vez que os profissionais que trabalham nessas áreas tornam-se “cúmplices” ou “críticos” de uma dessas interpretações da realidade.
No Brasil, o trabalho com intérpretes em Língua Brasileira de Sinais iniciou-se nos anos 80 e pode, dessa forma, ser considerado recente, assim como também é recente a legitimidade da sua importância que ainda está em processo de consolidação. A presente pesquisa tem como principal objetivo discutir e explicitar questões relativas ao trabalho de intérpretes de língua de sinais em uma universidade e dois centros universitários particulares da cidade de Curitiba. Para isto foram aplicados dois questionários para dois grupos distintos, um voltado para os intérpretes que atuam em universidades da cidade de Curitiba, e outro voltado para os surdos universitários que possuem intérpretes em sala de aula. Ambos os questionários continham questões abertas e fechadas. De acordo com as análises dos dados, constatou-se a importância dos intérpretes em sala de aula para o processo de aprendizagem dos estudantes surdos. Contudo, verificou-se também uma série de questões que subjaze a discussão sobre a efetividade no contexto da interpretação, tais como: qualidade na formação dos intérpretes, conhecimento antecipado da disciplina para a tradução, dificuldade na relação Língua Portuguesa/LIBRAS, relação intérprete/professor, dentre outras. A partir dessas considerações, vemos que, no cenário da educação dos surdos brasileiros, essas questões apenas refletem o descaso das autoridades com relação à educação dessa população, assim como evidenciam as dificuldades lingüísticas e sociais relativas à surdez. Esse trabalho apresenta-se, nessa direção, como o início de uma reflexão sobre o contexto do intérprete universitário, porém, muito ainda precisa ser entendido para que mudanças mais efetivas possam ser realizadas.
RESUMO: partindo do pressuposto de que ao considerar a língua de sinais como a primeira língua do surdo é possível perceber sua inserção no mundo letrado, esse trabalho objetiva analisar produções escritas de um sujeito surdo em momento inicial de apropriação da escrita. Para tanto, concebendo a linguagem como atividade dialógica, como trabalho social e histórico, constitutivo dos sujeitos e da língua, foram analisados cinco textos produzidos, entre os anos de 1998 e 2002, por um sujeito surdo, reconhecido pela inicial R, em conjunto com a sua fonoaudióloga. Cabe esclarecer que tal profissional, proficiente em língua de sinais, atuou como interlocutora e intérprete, priorizando a natureza interativa da linguagem e interferindo nas produções escritas quando solicitada. Durante os anos trabalhados com R, observou-se que ele passou a refletir sobre seus textos e mudou sua postura perante a escrita. O fato de R e a fonoaudióloga compartilharem a língua de sinais permitiu que ele dividisse suas histórias e experiências, levando-os a registrá-las a partir da língua escrita. Deste modo, R passou a fazer uso da escrita com alternâncias e justaposições entre as duas línguas envolvidas: a língua portuguesa e a língua de sinais. A escrita tornou-se, assim, uma possibilidade a mais de manifestação da singularidade de R, que passou a reconstruir a história de sua relação com a linguagem. PALAVRAS-CHAVE:surdez; linguagem escrita; língua brasileira de sinais; educação especial.ABSTRACT: considering sign language as deaf peoples' first language, it is possible to conceive of the insertion of the deaf into the written world. This work aims to analyze the written productions of a deaf child during his initiation into literacy. We view language as a dialogic activity, as social and historic production, that enables constitution of individuals and their language. Five written texts produced between 1998 and 2002 were analyzed. These were produced by a deaf subject, R, together with his speech and language therapist. It is important to clarify that this professional was fluent in sign language, and she acted as an interpreter and interlocutor, emphasizing language as interaction and interfering in written productions when requested. During the years she worked with R, it was seen that he started to reflect upon his written production and that his attitudes towards writing changed. The fact that R and his speech and language therapist shared sign language allowed him to talk about his life and experiences; this material was then taken down as written language. Thus, R started to use written language with crossovers and juxtapositions of the two languages he used: Portuguese and sign language. Writting became an added possibility that could reveal his uniqueness as an individual, enabling him to rebuild the history of his relations to language.
E ste trabalho nasceu da observação de que muitas crianças, por não seguirem o padrão proposto pela escola, são tomadas pela própria escola e por outros profissionais -médicos, psicólogos, psicopedagogoscomo portadoras de dislexia ou dificuldade de aprendizagem na escrita. Os indícios dessa dita dificuldade, porém, relacionados na maioria das vezes a trocas, omissões, adições de letras ou sílabas, escrita pautada na transcrição fonética, segmentação inadequada de vocábulos, quando investigados lingüisticamente, não apontam para um distúrbio, mas desvendam o próprio processo de aquisição da linguagem escrita.Partindo da análise lingüística de dados da escrita inicial, é possível afirmar que a dislexia 1 não se sustenta como um distúrbio vinculado à aquisição * Esse artigo é parte de tese de doutorado defendida na UFPR, em março de 2004. ** Professora do Mestrado em Distúrbios da Comunicação da Universidade Tuiuti do Paraná e autora da tese "A outra face da dislexia". ***Professora do Departamento de Lingüística da Universidade Federal do Paraná e orientadora da tese que originou esse artigo.1 Cabe esclarecer que, neste trabalho, não estamos negando a existência da dislexia adquirida, ou seja, aquela relacionada a quadros afásicos, mas buscando denunciar que não há fundamento lingüístico capaz de justificar diagnósticos de dislexia em crianças que estão em pleno processo de aquisição da escrita.
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