Este artigo visa apresentar resultados de uma pesquisa desenvolvida com acadêmicos indígenas Kaingang e Guarani, que ingressaram na Universidade Estadual de Maringá (UEM), através da Lei Estadual nº. 13.134/2001, que destinou vagas suplementares para indígenas em todas as Universidades Públicas do Estado. A pesquisa está vinculada ao Programa Observatório da Educação Escolar Indígena (OBEDUC), cujo objetivo foi discutir a política educacional para essas populações, com ênfase no ensino superior e os resultados apresentados por esses estudantes com relação à aprendizagem da matemática. Entre as ações desenvolvidas na pesquisa empírica, foi realizado um curso de formação continuada, com a matemática básica, envolvendo tais estudantes, baseado nos pressupostos da Teoria Histórico-Cultural. Os resultados do curso foram analisados com vistas a subsidiar reflexões que pretendem contribuir com a melhoria da aprendizagem de estudantes indígenas nessa área do conhecimento.
Estudos sobre a formação de professores indígenas no Brasil mostram que esse processo iniciou-se de forma sistemática a partir da Constituição de 1988. Nos anos de 1990 criou-se a categoria Escola Indígena e esta acaba por exigir a contratação de professores indígenas para atuar com crianças nas diferentes etapas da educação. Este artigo expõe a relação entre a formação de professores indígenas e o ensino de matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Considerando a diversidade cultural dos povos indígenas, enfatizamos a etnomatemática e suas particularidades como entendimento da interrelação dos conhecimentos matemáticos indígenas e os conhecimentos universais. A metodologia adotada pautou-se em estudos teóricos e práticos, uma vez que para o desenvolvimento do artigo houve a proposição de uma oficina pedagógica enfatizando o uso de jogos no ensino dos conteúdos da matemática. A oficina foi desenvolvida no decorrer do programa federal Saberes Indígenas na Escola, em dois momentos, na Universidade e em escolas indígenas, sendo uma escola da etnia Guarani e a outra da etnia Kaingang. Os estudos teóricos evidenciam a necessidade de relacionar os conhecimentos que os indígenas possuem sobre a matemática usada no dia a dia com os conhecimentos definidos no currículo escolar. Com as oficinas pedagógicas os professores indígenas relataram que as crianças indígenas quando brincam e jogam fazem uso da matemática, o que dá sentido para a elaboração de jogos matemáticos já que os mesmos são facilmente encontrados nas brincadeiras. Verificamos que, há avanços na política educacional pautada aos povos indígenas, entretanto, ainda requer uma sistemática permanente de pesquisas, estudos e manutenção de uma política diferenciada, específica, bilíngue e intercultural que garanta os direitos indígenas conquistados na Constituição de 1988.
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