Embora a educação não se restrinja ao espaço das instituições de ensino, estas se revelam centrais nos processos de socialização no Ocidente. Com esse mote em vista, empreendemos neste texto três movimentos analíticos. Situamos o processo de composição do dossiê Etnografias em contextos pedagógicos, destacando as respostas ao convite para tomar variados espaços de educação formal como centro de pesquisas que mobilizam a etnografia em seu sentido forte. Em seguida, traçamos o percurso de consolidação e diversificação dos estudos antropológicos em educação no Brasil, lançando também olhares sobre as possibilidades abertas pelas etnografias em contextos pedagógicos. Por fim, destacamos algumas chaves de leitura do material apresentado neste primeiro número do dossiê desdobrado em três edições, alinhavadas pelas discussões sobre alteridades, agências e insurgências manifestadas nos universos escolares da contemporaneidade.
"Abrir el ojo para saber, cerrar el ojo, o al menos, escuchar para saber aprender y para aprender a saber; este es un primer esbozo del animal racional. Si la Universidad es una institución de ciencia y enseñanza ¿debe, y según qué ritmo, ir más allá de la memoria y la mirada? ¿debe acompasadamente, y según qué compás, cerrar la vista o limitar la perspectiva para oír mejor y para aprender mejor?Obturar la vista para aprender, esta no es, por supuesto, más que una forma de hablar figurada" (Jacques Derrida)Pensar en la Universidad desde sus propias entrañas supone un ejercicio en el que podemos hacernos conscientes de las pupilas y las barreras propias, y la función que cumplen en relación con qué elementos intra y extra institucionales. Esta relatoría acerca del texto de Derrida 1 que no supone un resumen, sino un conjunto de reflexiones e inquietudes que emanan del documento y guardan relación con situaciones del día a día de nuestra práctica docente e investigativa, universitaria. Las reflexiones giran en torno a cuatro tópicos con la única idea de preguntarme acerca de las condiciones para que nos constituyamos en una comunidad de pensamiento en el sentido que propone el autor francés recientemente fallecido. Si bien dedico uno de los cuatro apartados de este texto al tema de la comunidad de pensamiento, quiero enmarcar la totalidad de la reflexión en torno a esta idea.Antes de continuar, es oportuno presentar una breve reseña acerca de Jacques Derrida que contextualice el marco en el que se genera e interpreta la conferencia dada en la Universidad de Cornell y que nos convoca en esta oportunidad. Se trata de un filósofo nacido en Argelia en 1930.Desarrolló su trabajo en una de las más importantes instituciones de académicas de Francia: la Escuela de Altos Estudios Sociales de París. Recién fallecido el 9 de octubre de 2004, se constituye en uno de los pensadores por descubrir a pesar que su obra se encuentre ampliamente traducida y 1 Se puede encontrar el texto en castellano en
Nesta terceira e última parte do dossiê Etnografias em contextos pedagógicos, discorremos sobre as contribuições dos artigos a duas frentes de pesquisa tidas por clássicas na Antropologia da Educação realizada no Brasil: a escolarização intercultural indígena, bem como a formação para docência no Ensino Básico de maneira sensível à alteridade como questão. Adicionalmente, apresentamos textos com aportes aos debates sobre ensino da Antropologia em nível superior no país, um domínio investigativo que, embora não seja novo, vem revelando singular frescor, como consequência de reviravoltas empíricas na contemporaneidade. Dentre estas, assinalamos a interiorização do Ensino Superior, as interpelações por uma educação decolonial e a efervescência da prática da etnografia em universos pedagógicos formais.
Este texto almeja um debate sobre e, ao mesmo tempo, com o segundo conjunto de artigos do dossiê Etnografias em contextos pedagógicos, cujo foco dirige-se à problematização de diacríticos de alteridade nos ambientes formais de ensino. Situamos esse apanhado de manuscritos em um contexto de incremento no Brasil, a contar da primeira década de 2000, de estudos antropológicos hospedados em linhas de pesquisa a versar acerca dos marcadores sociais da diferença. Argumentamos que, não coincidentemente, esse crescimento incide sobre uma Antropologia da Educação contemporânea que toma as instituições de ensino, tensos e expressivos reservatórios de alteridade, enquanto universos de investigação. Instigadas pelas discussões que os artigos nos suscitam, exploramos duas temáticas que nos são caras enquanto frentes particulares de pesquisa – a Primavera Secundarista e a religiosidade nos espaços escolares –, por acreditar que ambas nos possibilitam evidenciar, empiricamente, a ambivalência entre subalternização e insurgência intrínseca à educação formal moderno-ocidental, oscilação em que as diferenças, historicamente, têm exercido papel crucial.
O presente artigo apresenta algumas conclusões da pesquisa sobre a
conversão religiosa, em especial às religiões de orientação pentecostal, em duas
unidades masculinas de segurança máxima do Departamento Penitenciário do
Paraná. O foco de atenção recai sobre a compreensão da conversão religiosa por
parte dos diferentes funcionários do quadro técnico-administrativo. Tal ênfase
permite, por um lado, percorrer alguns dos múltiplos significados atribuídos
às religiões pentecostais no interior das unidades penais e verificar como eles
“circulam” nesse campo. Por outro, possibilita apresentar ao leitor em que
medida tal compreensão da conversão produz uma particular transformação
das representações sobre os detentos, alterando relações sociais e fronteiras
simbólicas entre os diversos grupos de detentos e funcionários.
RESUMO O atual contexto de maior visibilidade das manifestações religiosas na esfera pública, e na educação em especial, impeliu-nos a estabelecer relações entre diferentes vínculos religiosos e os itinerários formativos no interior da universidade, com foco na comparação entre bacharelado e licenciatura. Os dados foram coletados por meio de questionário aplicados a uma amostra de 385 estudantes da Universidade Federal do Paraná. Analisamos a declaração de vínculo religioso, a frequência em grupo(s) religioso(s) no ano de 2018 e a filiação religiosa institucional dos discentes. Mais de um terço dos respondentes - 38% - afirmou possuir algum vínculo religioso, sendo predominantes os elos com as religiões de matriz cristã: a maioria declara pertencer à religião católica, seguidos das religiões evangélicas. Há, também, um expressivo número de estudantes sem filiação religiosa específica, os “sem religião”. Dentre os estudantes de bacharelado que se declaram religiosos, a maior parte é católica, seguida dos evangélicos, com proporção próxima entre evangélicos de missão e pentecostais. Nas licenciaturas, ao contrário, a maioria dos que se declaram religiosos é evangélica, sendo a maior parte vinculada a denominações pentecostais. A frequência religiosa sofre poucas modificações após o ingresso na universidade. Destacamos o fato de os discentes das licenciaturas participarem mais ativamente em suas comunidades de fé em comparação com seus colegas do bacharelado.
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