Autora do livro A cidade do pensamento único. Resumo: O texto enfoca o processo de urbanização no Brasil a partir de alguns indicadores demográficos (mortalidade infantil, expectativa de vida média, fertilidade feminina), socioeconômicos (crescimento, renda, desemprego e violência) e urbanísticos (crescimento urbano e crescimento de favelas), de modo a evidenciar um quadro controverso marcado por positividades e negatividades. Diversos autores são consultados para buscar a explicação desse quadro. A urbanização da sociedade brasileira se deu no século XX, mas carrega todo o peso da "formação" da sociedade caracterizada como "defasagem e continuidade".
Apesar de sua importância econômica, política, social, demográfica, cultural, territorial e ambiental, há, nas metrópoles brasileiras, uma significativa falta de governo, evidenciada pelas incipientes iniciativas de cooperação administrativa intermunicipal e federativa. Este artigo aborda as mudanças estruturais - no processo de urbanização/ metropolização - devidas à reestruturação produtiva do capitalismo global, e, na escala nacional, trata da mudança no marco institucional - jurídico/político - que passou de concentrador e centralizador, durante o regime militar, para descentralizador e esvaziado, após a Constituição de 1988. O recuo verificado nas políticas sociais durante os anos 1980 e 1990, notadamente em transporte, habitação e saneamento, além do desmonte dos organismos metropolitanos, conduziu nossas metrópoles a um destino de banalização das tragédias urbanas. Em que pese sua urgência, a questão metropolitana não sensibiliza nenhuma força política ou instituição que lhe atribua lugar de destaque na agenda nacional.
Despite its economic, political, social, demographic, cultural, territorial and environmental importance, there is a significant lack of government in the brazilian metropolises, evidenced by the incipient initiatives of intermunicipal and federative administrative cooperation. This article analyses the structural changes - in the process of urbanization/metropolization - due to the productive restructuring of global capitalism, and, in a national scale, analyses the change in the institutional mark - legal/political - which passed from concentrator and centralizer, during the Military Regimen, to decentralized and emptied, after 1988 Constitution. The downturn verified in social policies during the years 1980 and 1990, notably in transport, housing and sanitation, besides the dismantling of the metropolitan agencies, has led our cities to the trivialization of urban tragedies. Despite its urgency, the metropolitan issue does not sensitize any political force or institution which assigns it a prominent place on the national agenda
O processo de urbanização brasileiro deu-se praticamente no século XX. No entanto, ao contrário da expectativa de muitos, o universo urbano não superou algumas características dos períodos colonial e imperial, marcados pela concentração de terra, renda e poder, pelo exercício do coronelismo ou política do favor e pela aplicação arbitrária da lei. Este texto tem como objetivo fazer uma leitura da metrópole brasileira do final do século XX destacando a relação entre desigualdade social, segregação territorial e meio ambiente, tendo como pano de fundo alguns autores que refletiram sobre a "formação" da sociedade brasileira, em especial sobre a marca da modernização com desenvolvimento do atraso. Para tanto, destaca-se o papel da aplicação da lei para manutenção de poder concentrado e de privilégios nas cidades, o qual reflete - e ao mesmo tempo promove - a desigualdade social no território urbano.
The brazilian urbanization process happened in practical terms in the XX century. Nevertless, contrary to the expectation of many, the urban universe didn't overcome some characteristics of the colonial and imperial periods marked by land, income and power concentration, by the action of "colonels" or the policy of favoritism and by an arbitrary law deployment. This paper has the objective to address the Brazilian metropolis by the end of the XX century making evident the relationship about social inequality, territorial segregation and environment, having as a reference some authors whose work reflected the Brazilian society "building", specially the mark of modernization with the development of the tardiness. In doing so, a great relevance is given to the role of the law in keeping concentrated power and privileges in the cities, which reflects - and at the same time enhances - the urban territory social inequality
In June 2013 an unprecedented movement spearheaded by young people took to the streets of Brazilian cities. Despite the diversity of explanations of the protests, one thing became clear: the urban question was at the center of events. Brazil has become an international role model for its innovations in social policy and even urban policy. There have been social struggles for a democratic city. New policies, new programs, new projects, and a Ministry of Cities have been created. This democratic and participatory process has taken place in the context of fiscal adjustment and therefore contention over resources. When the federal government resumed investment in cities following a developmentalist project, capital linked to the production of space took over the leadership of the urban process and the virtuous cycle of urban policy declined. Investment in works directed by the real estate market in the context of mega-events such as the World Cup and the Olympics together with tax relief for the purchase of automobiles deepened the deterioration of urban living conditions, especially housing and mobility. Em junho de 2013 um grupo de jovens criou uma onda de protestos jamais vistos nas cidades brasileiras. Não obstante a multiplicidade de explicações para esses protestos, algo ficou claro: a questão urbana era o elemento central desses eventos. O Brasil tornou-se modelo internacional para inovações em política social e urbana. Havia uma luta social por centros urbanos democráticos. Novas políticas, novos programas, novos projetos e um Ministério das Cidades foram criados. Esse processo democrático e participatório ocorreu num contexto de ajuste fiscal e consequentemente de contenção de despesas. Quando o governo federal retomou os investimentos em cidades após um projeto desenvolvimentista, o capital atrelado à produção de espaço tomou as rédeas do processo de urbanização e o ciclo virtuoso da política urbana foi interrompido. Investimentos em projetos direcionados pelo mercado imobiliário no contexto de megaeventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, bem como incentivos fiscais para a compra de automóveis, aumentaram a deterioração da qualidade de vida urbana, especialmente no que diz respeito à moradia e à mobilidade.
RESUMO O artigo reconstituiu marcos fundamentais da urbanização brasileira, com o objetivo de argumentar pela necessidade de construção social de um projeto para as cidades do Brasil capaz não apenas de trazer formulações intelectuais progressistas, mas também, sobretudo, de convergir forças sociais em torno de uma agenda que vise à consecução de cidades mais justas em termos socioespaciais, ambientalmente sustentáveis, economicamente dinâmicas e culturalmente plurais. Para tanto, em um primeiro momento, tratam-se aspectos estruturais da urbanização brasileira ao longo do século XX, bem como salientam-se experiências virtuosas de governos locais no fim dos anos 1980 e 1990. Em seguida, analisam-se contradições engendradas nos anos 2000 e, por fim, elencam-se algumas das primeiras propostas minimamente consensuadas até aqui.
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