Neste texto, analisamos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em dezembro de 2017 pelo Conselho Nacional de Educação. Argumentamos que o documento pouco reconhece a relação entre escola, espaço e sociedade, tomando as unidades escolares como indiferenciadas, alvo de políticas unitárias, contribuindo para a reprodução das desigualdades educacionais. Apontamos, também, os possíveis impactos da BNCC sobre o processo de precarização do trabalho e da formação docente, com o avanço de uma lógica empresarial, que, centrada na produção de materiais didáticos, difunde a concepção de um professor como mero transmissor de conhecimentos. Além disso, discutimos como o documento difunde uma subjetividade neoliberal, nos termos propostos por Dardot & Laval. Em nossa perspectiva, a resistência a este projeto de currículo que amplia as desigualdades e a precarização da educação pública no Brasil pressupõe reconhecer a escola como território de luta, no qual os currículos são produzidos nas práticas socioespaciais de alunos, professores e demais sujeitos da educação.
RESUMO: O artigo discute o projeto de reorganização escolar apresentado pela Secretaria Estadual de Educação de São Paulo no segundo semestre de 2015, buscando compreender as implicações socioespaciais do mesmo. Para tanto, articulou-se o debate teórico desenvolvido por diferentes autores nas últimas décadas sobre a dimensão espacial da educação e da escola pública no Brasil, com as análises construídas a partir dos dados do atual projeto de reorganização escolar. Trata-se de pesquisa em andamento e, por isso, o que se apresenta aqui são as primeiras análises dos mapeamentos e trabalhos de campo realizados no contexto da apresentação da proposta de reorganização escolar e das ocupações de escolas. Em decorrência do tamanho da rede estadual de educação, optou-se por desenvolver a análise a partir das informações das escolas estaduais localizadas na cidade de São Paulo. Em nossa perspectiva, o fechamento de escolas proposto no projeto de reorganização pode acentuar a desigualdade espacial da escola pública em São Paulo. Por isso, a importância da luta dos estudantes secundaristas que reafirma, entre outras coisas, a relação entre a escola, seus sujeitos e espacialidades.Palavras-chave: Reorganização escolar. Dimensão espacial. Escola pública. Desigualdade socioespacial. The space dimension of the public school: readings on the reorganization of the network state of São PauloABSTRACT: This paper discusses the school reorganization project presented by São Paulo Secretary of Education, in 2015, seeking to understand its space implications. For this purpose, we relate the theoretical discussion developed by many researchers in the last decades about public education and school in Brazil, with analyses build from data about the current school reorganization project. This is ongoing *Resultado parcial de pesquisa do Projeto "A Reorganização Escolar em Mapas", realizado no
This article proposes an analysis of the Integral Teaching Program (PEI), implemented in the São Paulo State (Brazil) public-school system, from a point of view of the dynamics of production of socio-spatial and educational inequalities. In the present case, we have investigated the role of public education policy, under the New Public Management logic, as an inducer and reproducer of inequalities. Our results suggest that PEI is based on an insular logic, which produces school units for students already privileged in their relations with the city. In addition, the implementation of the Program has provoked an outflow of students, with a positive effect on the socioeconomic levels (SEL) of the PEI schools and on their results in large-scale evaluations. This effect was counterbalanced by the negative effect in the school units around the PEI schools, where we observed a decrease in the number of students with higher SEL. In addition, if compared to the surrounding schools and to the public-school system itself, PEI schools have fewer classes and students. They are schools for the minority: the students with highest SEL of the system. In these schools, we also observe the preference for a single-cycle organization, which places PEI in the same line as the controversial proposal of School Reorganization in 2015.
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma breve discussão a respeito do projeto educacional de Rui Barbosa (18491923), expressa nos pareceres acerca da Reforma do Ensino Primário de 1883, e da Reforma do Ensino Secundário e Superior de 1882. Assim como, analisar a questão do ensino de geografia por ele defendido, o qual perpassava pela imperiosa reformulação do método de ensino. Rui Barbosa fez um minucioso levantamento sobre a situação do ensino no Brasil, tomando como suporte teórico os decretos e documentos existentes fora e dentro do país, que versavam sobre a educação. Tratase, portanto de um importante documento para a entendermos a história da educação brasileira, bem como a constituição da nação e do povo brasileiro, sobretudo, pela amplitude e profundidade como discutiu cada aspecto da educação escolar, e nele o ensino de geografia.Abstract: This paper aims to present a brief discussion about the educational project of Rui Brabosa (18491923), the opinions expressed on the Reform of Primary Education,1883, and the Reforn of Secondary and Higher Education, 1882. As such, consider the question of teaching geography advocated by him, which pervaded the urgent reforn of the teaching method. Barbosa made a detailed survey on the situation of education in Brazil, taking as theorical support existing decress and documents inside and autside the country that focused on education. It is therefore an important document to understand the history of Brazilian education, as well as the constitution of the nation and the Brazilian people, especially the breath and depth as discussed every aspect of school education, and teaching him geografphy.Palavraschave: Rui Barbosa; Ensino de Geografia; Método Intuitivo.
RESUMO: No presente artigo, argumentamos que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em 2017, não busca enfrentar as desigualdades educacionais brasileiras, uma vez que não problematiza as condições materiais das escolas públicas e do exercício da docência. Para tanto, analisamos dados sobre infraestrutura, formação docente, perfil socioeconômico dos estudantes disponíveis no Censo Escolar de 2017, bem como nos microdados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2015. Os dados apontam a manutenção de um quadro de desigualdade na educação brasileira com possíveis implicações nos processos de ensino-aprendizagem. Em nossa perspectiva, sem o enfrentamento de tais condições, qualquer proposta de alteração curricular poderá se configurar como mecanismo de gestão da desigualdade, verificado em outras políticas educacionais recentes no Brasil sob a lógica da Nova Gestão Pública.
Este artigo apresenta os resultados parciais do projeto A Reorganização Escolar em Mapas, desenvolvido no Laboratório de Ensino e Material Didático (LEMADI) do Departamento de Geografia da USP, com objetivo de demonstrar a importância da análise espacial na compreensão das políticas educacionais, representando espacialidades e correlacionando fenômenos, processos que são primordiais para sustentar os argumentos que fundamentam a tomada de decisão e a defesa de uma educação pública de qualidade para todos. Apresentamos a discussão a partir de mapas da cidade de São Paulo a fim de demonstrar os limites dos principais argumentos expostos pela Secretaria de Educação na defesa da proposta, bem como discutir se a revalorização do espaço urbano seria um dos objetivos não-explícitos na reorganização. Em nossas considerações sinalizamos que o argumento do decréscimo demográfico defendido pelo governo não se sustenta, uma vez que tal fenômeno não se converte automaticamente em diminuição de matrículas. Inferimos que a reorganização daria continuidade à municipalização da rede estadual, iniciada em 1995, e tem relação direta com o processo de revalorização do espaço, por haver correlação entre o fechamento de escolas, os lançamentos imobiliários e as grandes obras de infraestrutura de mobilidade.
RESUMO Estamos diante de um novo ciclo de reformas educacionais no Brasil, concebido a partir de uma lógica de controle técnico, burocrático e gerencial do trabalho docente, que retoma processos colocados em prática nas décadas de 1980 e 1990 em diversas partes do mundo. Com o intuito de compreender os agentes, os interesses e as estratégias presentes neste novo ciclo, analisamos documentos publicados por organismos internacionais e institutos financiados por grupos empresariais, com atuação no Brasil e no mundo, que têm lugar de destaque na elaboração das atuais políticas educacionais. Na análise realizada, verificamos que o objetivo é a contenção dos investimentos diretos em educação pública. Para tanto, propõem-se mudanças na forma de contratação e organização das carreiras docentes no país, consideradas responsáveis pela crise orçamentária brasileira. As análises demonstraram a importância de compreender quem são os principais agentes do novo ciclo de reformas educacionais, bem como os interesses que expressam. Trata-se de ação fundamental na luta pela construção de uma escola pública equitativa e democrática no Brasil que passa pela ampliação dos investimentos com o intuito de garantir as condições fundamentais para a ação educativa.
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