Os cuidados domiciliares constituíam-se como a principal prática das ações de saúde, sendo que na Europa, na virada do século XVIII, a enfermagem domiciliar era majoritária e autônoma na área de saúde (1) . No Brasil, no início do século XX as visitas domiciliares foram largamente utilizadas para o combate às endemias que assolavam os grandes centros do país (2) . Deste modo, o domicílio configurava-se como o local de prática da enfermagem e das ações de saúde. Entretanto, com a expansão dos hospitais, ainda no século XIX, este exercício liberal foi se reduzindo e a enfermagem foi se enquadrando em uma hierarquia de saberes, poderes e funções na área hospitalar, sendo que no Brasil em meados do século XX houve grande transferência do trabalho da enfermagem domiciliar para a área hospitalar (1) , respaldada pelo modelo de ensino biomédico e hospitalocêntrico, atendendo à política assistencial então vigente no país.Entretanto, tornou-se evidente que o atendimento primário, base de entrada para o sistema público de saúde, necessitava de uma nova abordagem, uma vez que a estrutura clássica de unidades básicas de saúde vinha apresentando, em diversos locais do país, uma baixa resolutividade (3) . Para construir uma nova maneira de prestar assistência, mais próxima da necessidade da comunidade, criou-se o Programa Saúde da Família (PSF), baseado em Equipes de Saúde da Família -ESF, que são constituídas de no mínimo, por médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Desde meados dos anos 80, a temática Saúde da Família tem sido foco de atenção seja na assistência, ensino ou na pesquisa. Percebe-se que nestas duas décadas, o assunto Saúde da Família tem sido discutido tanto na graduação, como na pós-graduação de enfermagem, sendo neste último nível de modo mais expressivo (4) . Essa estratégia vem não só melhorando o acesso da população ao sistema, como tem proporcionado considerável melhoria na qualidade do atendimento oferecido, traduzido por um atendimento mais resolutivo e integrado das equipes de saúde com a comunidade a que assiste, o que traz um admirável grau de satisfação da população e das próprias equipes de saúde (5) . Para a implementação deste novo modelo é imprescindível a qualificação de profissionais. Torna-se então necessário instrumentalizá-los, reparando as deficiências de conhecimentos, habilidades e fortalecendo práticas referentes à atenção primária de saúde.O PSF tem sua atenção centrada na família e isso exige da equipe de saúde uma compreensão ampliada do processo saúde -doença e da necessidade de intervenções que vão além das práticas curativas.Influenciada pelo paradigma cartesiano, a formação dos profissionais da saúde foi construída de forma fragmentada, * Trabalho apresentado no 54º Congresso Brasileiro
O estudo teve como objetivo descrever a mudança organizacional planejada como referencial teórico-metodológico e sua aplicabilidade na produção do conhecimento em enfermagem e saúde. Reflexão teórica elaborada a partir de uma exploração assistemática da literatura e da experiência dos pesquisadores em realizar estudos utilizando esse referencial. A reflexão foi organizada articulando-se três principais eixos. No primeiro, discutiu-se o conceito de mudança organizacional, sua importância e desafios na área de saúde. O segundo apresentou a mudança organizacional planejada como método de pesquisa na produção do conhecimento e, por fim, o terceiro ressaltou os efeitos do uso da mudança organizacional no contexto da enfermagem e saúde. Conclui-se que a mudança organizacional planejada consiste em um referencial teórico-metodológico importante para o desenvolvimento de propostas de mudanças no campo da enfermagem e saúde, por ser capaz de promover empoderamento dos sujeitos, protagonismo coletivo e visão compartilhada,o que resulta em espaço para inovações.
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